WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – Percebendo que a barra de surrealismo (ou do esquisito) na corrida presidencial deste ano subiu (muito) no último mês, Robert F. Kennedy Jr. levou sua campanha a outro nível no domingo (4).
Só para recapitular, o candidato independente é o mesmo que confirmou que um verme comeu parte de seu cérebro e que negou veementemente ter comido um cachorro.
Agora, RFK Jr. resolveu se antecipar a um longo perfil seu publicado nesta segunda pela New Yorker, revelando na véspera que foi ele, sim, o misterioso responsável por abandonar o corpo de um filhote de urso no Central Park, em Nova York, em 2014. O caso gerou repercussão nacional nos EUA na época, e até hoje era um mistério.
A história é a seguinte, segundo o próprio candidato: ele estava dirigindo em uma estrada, levando um grupo para praticar falcoaria, quando uma pessoa em uma van na frente atropelou e matou um filhote de urso preto.
Ele parou e colocou o corpo dentro do carro, porque pretendia esfolá-lo. “Ele estava em muito boas condições e eu ia colocar a carne na minha geladeira”, diz no vídeo publicado em seu perfil no X.
A New Yorker publicou uma foto de RFK sentado em seu porta-malas com a mão dentro da boca do urso, fingindo uma cara de dor. “Talvez tenha sido assim que eu peguei o verme no cérebro”, disse ele à revista.
No vídeo publicado em sua conta no X, o candidato esclarece que é legal no estado de Nova York obter uma licença de urso para levar para casa um urso atropelado, mas ela precisa ser emitida por um policial.
O resto do dia, no entanto, não foi como planejado. A falcoaria foi muito animada, e seguida por um jantar que se prolongou até tarde da noite.
“Eu tive que ir ao aeroporto, e o urso estava no meu carro, e eu não queria deixar o urso no carro porque isso seria ruim”, explica ele, sensatamente. A decisão seguinte, no entanto, não parece ter sido tão razoável: como ele tinha uma bicicleta no porta-mala, resolveu pedalar até o Central Park levando o urso.
O animal tinha seis meses e pesava 20 kg.
Nova York tinha acabado de instalar ciclovias, e muitos acidentes vinham ocorrendo. Ele pensou, então, que as pessoas achariam que o animal foi atropelado por uma bicicleta.
“Então fomos e fizemos isso e achamos que seria divertido para quem encontrasse, ou algo assim”, afirma ele, em referência ao resto do grupo que estava com ele no jantar.
Há ainda outro elemento estranho nessa história: a repórter do New York Times que escreveu sobre o caso do urso misterioso em 2014 é sobrinha de RFK. Tatiana Schlossberg afirma não tinha a menor ideia de quem era responsável quando cobriu a história.
O candidato aparece em terceiro lugar em pesquisas de intenção de voto, mas muito longe de Kamala Harris e Donald Trump. Nacionalmente, ele tem 5,7% das intenções de voto, segundo o RealClearPolitics. Apesar de pequeno, seus eleitores podem ser um diferencial em uma disputa extremamente apertada.
FERNANDA PERRIN / Folhapress