PARIS, FRANÇA (UOL/FOLHAPRESS) – Era impossível contar o número de camisas e bandeiras argelinas espalhadas pelas arquibancadas da quadra Philippe Chatrier, que passou a receber as competições de boxe com o fim do tênis nas Olimpíadas de Paris. Os espectadores presentes na noite desta terça-feira (6) estiveram em peso no local para apoiar a boxeadora Imane Khelif na disputa por uma vaga na final da categoria até 66kg.
“Estou muito orgulhosa do povo da Argélia e do mundo árabe. Fiz o meu máximo por eles e todos eles vieram aqui me ajudar. Estou na final e estou muito feliz como árabe e com todo o povo. Cheguei à final com muito esforço”, declarou Imane Khelif logo após a luta.
Khelif foi colocada no centro de uma das maiores polêmicas destes Jogos após a italiana Angela Carini desistir do combate contra ela nas oitavas de final por entender que não teria condições de vencê-la, questionando a identidade de gênero da oponente, por causa de acusações feitas nas redes sociais. A partir daí, a boxeadora passou a sofrer incontáveis ataques.
Mesmo antes do duelo da semifinal começar, os torcedores argelinos, que eram maioria entre os 14 mil lugares, já entoavam fortemente o grito sem parar: “Um, dois, três: Viva, Argélia!”
Um puxava o outro. Muito além do empurrão motivacional, eles queriam transmitir a mensagem de apoio a Khelif por tudo o que ela passou durante as Olimpíadas.
A arena foi abaixo quando Khelif entrou na quadra para subir no ringue: “Imane, Imane, Imane”, eles gritavam incessantemente e continuaram assim durante todos os rounds da luta contra a tailandesa Janjaem Suwannapheng.
“Eu não me importo com as críticas. Estou aqui para competir.”
Quando saiu do ringue, Imane se deparou com um grupo enorme de jornalistas de todos os lugares do mundo. A multidão com celular, microfones e câmeras queria ouvir a voz de Khelif. A atleta parou em dois grupos diferentes, celebrou a vitória e exaltou a adversária da Tailândia. Ela agradeceu, também, o presidente da Argélia, Abdelmadjid Tebboune, que tem demonstrado apoio à finalista olímpica.
“Eu apresentei um bom desempenho, um desempenho que todos gostariam de ver. Graças a Deus, eu ganhei várias lutas. Quero agradecer à adversária da Tailândia, que eu conheci há muito tempo. Ela estava comigo na última temporada na França, em Vitel. Treinos por quase 15 dias juntas. Nós competimos aqui para alcançar nossos sonhos. Hoje estou muito orgulhosa.”
BEATRIZ CESARINI / Folhapress