Kamala diz que democratas são zebras na corrida contra Donald Trump

FILADÉLFIA, EUA (FOLHAPRESS) – A vice-presidente dos Estados Unidos e virtual candidata do Partido Democrata à Casa Branca, Kamala Harris, disse nesta terça-feira (6) em seu primeiro discurso ao lado do companheiro de chapa, o governador de Minnesota, Tim Walz, que os dois são as zebras da corrida contra o ex-presidente Donald Trump.

“Mas temos momentum e sei exatamente o que enfrentamos”, enfatizou Kamala a apoiadores. Ao apresentar Walz, a candidata à Presidência ressaltou o histórico do governador ao defender pessoas LGBTQIA+, direitos reprodutivos, controle de armas, direito a voto e acesso à saúde.

Walz fez sua estreia nesta terça (6) como candidato à Vice-Presidência enfatizando os traços que o levaram a ser escolhido para o posto, apesar de ser quase um desconhecido do eleitorado: um jeitão simples, direto e piadista.

Ciente da responsabilidade incumbida a ele por Kamala Harris, ele ressaltou em diversos momentos que o projeto dos dois é um projeto “da alegria”. “Obrigada por trazer a alegria de volta”, disse ele à companheira de chapa logo no início de seu discurso.

É verdade que o político empolgou menos que Josh Shapiro, o governador da Pensilvânia -onde aconteceu o comício- que era o favorito para o posto de vice até a última segunda. Falando pouco antes de Kamala e Walz, ele foi ovacionado, e terminou seu discurso quase rouco.

Mas Walz surpreendeu com seu humor. “Estou pronto para debater com J.D. Vance”, disse, em referência ao candidato a vice na chapa de Donald Trump. “Isso se ele quiser sair do seu sofá e debater comigo”, completou, aludindo às piadas que viralizaram nos últimos dias com base em uma fake news de que o republicano teria uma certa tara pela mobília típica da sala de estar.

O governador de Minnesota também fez piada consigo mesmo, ao apontar um membro do público dizendo “eu vejo você, homem velho branco”. Como esperado, ele também cutucou Trump.

“O crime violento cresceu sob Trump. Isso sem nem contar os crimes que ele cometeu!”, disse, para ser em seguida interrompido por palmas e gritos de “prenda-o” da plateia -reproduzindo frase entoada por republicanos na campanha de 2016 contra Hillary Clinton, e problematizada por democratas na época.

Walz ainda repetiu o ataque aos adversários que levou à sua viralização nas redes sociais: “sim, eles são dois caras estranhos e esquisitos”, disse, em referência a Trump e Vance.

Quando falou sério, o governador destacou sua carreira na política, vendendo-se como um político moderado e capaz de trabalhar com o partido adversário; seu apoio ao direito de posse e porte de armas, mas também a leis mais rígidas para dificultar o acesso a elas; sua experiência junto com a mulher passando por tratamentos para fertilidade -uma forma de atacar os republicanos por medidas restritivas à fertilização in vitro apoiadas por grupos conservadores.

Com a dupla, os democratas completam a repaginação de sua tentativa de se manterem na Casa Branca após convencerem Joe Biden a se retirar da corrida. Apesar da deferência ao atual presidente nos discursos, o contraste da nova chapa com o octogenário é ressaltado a toda oportunidade.

De fato, o clima dos eventos mudou. Enquanto Biden evitava grandes espaços com milhares de pessoas, optando por eventos restritos -e ainda assim sofrendo protestos por seu apoio a Israel-, Kamala tem feito grandes comícios em arenas. Nesta terça, em sua estreia ao lado de Walz na Filadélfia (Pensilvânia), ela escolheu o Liacouras Center, um ginásio da Universidade Temple, com capacidade para 10 mil pessoas. Lotou.

Um DJ comandava a playlist, repleta de hits pop, com destaque para Beyoncé, autora de “Freedom”, a principal música a embalar a campanha de Kamala. Pulseiras que piscavam nas cores azul e vermelha também foram distribuídas ao público, criando um efeito visual.

A plateia, por sua vez, não permaneceu calada. Se com Biden se limitavam a entoar “mais quatro anos”, muitas vezes para sufocar gritos de protesto contra o presidente, nesta terça frases como “ele é um esquisitão”, “nós não vamos voltar ao passado” e “prenda-o”.

FERNANDA PERRIN / Folhapress

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