PARIS, FRANÇA (UOL/FOLHAPRESS) – O nome dele é Dallas Oberholzer, mas pode chamar de “tiozão do skate”. O sul-africano, de 49 anos, foi uma das atrações durante a prova do skate park masculino dos Jogos Olímpicos de Paris. Nesta quarta-feira (7), na pista de La Concorde, ele ficou em último, mas ganhou o coração de muitos brasileiros nas redes sociais.
“Gostei de ter acertado minha melhor manobra na última volta, isso já fez valer a pena”, disse Oberholzer, que começou a andar de skate ainda nos anos 1980, desafiando a mãe. “Ela queria que eu jogasse tênis, mas eu não queria bater na bola. Eu queria ser a bola, e sair voando pra um lado e pro outro”, disse.
À reportagem, o veterano agradeceu pelo apoio da torcida brasileira, disse que ama o país, e contou uma história daquelas que parece mentira mas não é sobre uma de suas visitas.
Oberholzer passou boa parte da vida como nômade e, em suas andanças, foi parar no Pantanal, em 1997. Um dia, andando de jipe, ficou preso em um atoleiro e deu de cara com uma onça. “Foi isso: era uma onça, ali, na minha frente. Comecei a gritar e ela foi embora”, relembra. Como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Apesar do susto, o “tiozão” abre um sorrido ao falar dos skatistas brasileiros e de outras experiências que já viveu, e que ainda quer viver, no país.
“Brasil! Eu amo o Brasil, eu amo a energia que as pessoas têm, eu amo o ritmo, e claro, meus parceiros no skate. Foi tão incrível andar com o Pedro (Barros), e o Augusto (Akio). Eu amo esses caras, e é por isso que eu fui direto abraçar esses caras, quando a minha sessão acabou, porque eu sei que eles me apoiaram”, disse.
“Eu fui para o Brasil muitas vezes, eu gostaria ir para Florianópolis, na verdade o Pedro acabou de dizer que eu deveria ir. Então eu acho que maio e junho são os melhores meses, eu vou pra lá surfar”, prometeu.
Campeão no carisma, Oberholzer acabou em último entre os 22 competidores do skate park masculino. Caiu nas três tentativas, ficou com uma melhor nota de 33,83, bem longe da final. Mas, para ele, o barato era outro.
“O que eu mais quero, o meu maior objetivo, é chegar em casa, na África do Sul, e alguém me chamar para construir um parque de skate. Nós estamos 20 anos atrasados, temos que ter mais estrutura. É pra isso que estou aqui”, disse.
Em Los Angeles-2028, o veterano terá 53 anos. “Não posso dizer que estarei lá, mas não quero pensar que nesta quarta-feira (7) é minha última competição desse nível”.
A tarefa é complicada, e a prova desta quarta mostrou que o tiozão já sofre para acompanhar os mais jovens. Mesmo assim, não dá pra duvidar de quem já espantou uma onça no grito.
THIAGO ARANTES / Folhapress