SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Três homens foram condenados pela participação nos violentos distúrbios anti-imigração da extrema direita no Reino Unido, que começaram após boatos de que o suspeito de matar a facadas três meninas no interior da Inglaterra, num estúdio de dança, fosse muçulmano. As manifestações se intensificaram e se espalharam por outras regiões.
Derek Drummond, 58, que atacou um policial em Southport, onde o crime aconteceu, teve a pena mais alta, três anos. Na corte de Liverpool, ele se declarou culpado por distúrbios violentos e pela agressão a um trabalhador de emergência enquanto atacava o agente.
Declan Geiran, 29 foi condenado a 30 meses de prisão após se declarar culpado de distúrbios violentos e incêndio criminoso ao colocar fogo no cinto de segurança de uma van da polícia, além de uma acusação não relacionada de comunicações maliciosas.
“Ele não é um homem inteligente, não é brilhante intelectualmente. Ele não entende o que significa extrema direita e extrema esquerda, ele simplesmente seguiu o fluxo”, disse seu advogado Brendan Carville.
Um terceiro homem, Liam Riley, 41, foi condenado a 20 meses de prisão após se declarar culpado de distúrbios violentos e uma ofensa de ordem pública com agravante racial.
Sarah Hammond, procuradora-chefe, disse em um comunicado: “Os três homens sentenciados hoje são a ponta do iceberg, e apenas o início do que será um processo muito doloroso para muitos que tola e imprudentemente escolheram se envolver em tumultos violentos.”
O Serviço de Promotoria da Coroa da Grã-Bretanha disse que a sentença de Drummond foi a primeira de uma onda que virão impostas por distúrbios em Southport, que eclodiram no dia seguinte aos assassinatos da semana passada.
“O luto genuíno e coletivo dos moradores de Southport foi efetivamente sequestrado por esse comportamento insensível”, disse o juiz Andrew Menary.
A corregedora sênior Julie Goulding disse ao jornal britânico The Guardian que a audiência foi um “processo curto, sóbrio e formal” para abrir e adiar as investigações e permitir que os processos criminais continuem “sem restrições”.
As famílias das vítimas não compareceram à audiência, apenas jornalistas. A corregedora afirmou, ainda, que a abertura das investigações permitiria que os certificados de óbito fossem emitidos para as famílias das vítimas realizarem os funerais.
A polícia britânica está em alerta nesta quarta-feira (7) devido ao aumento dos apelos à manifestação da extrema direita, o que levanta receios de novos tumultos uma semana após o início dos protestos desencadeados pelo assassinato de três menores, e que deixaram dezenas de policiais feridos.
Embora a noite de terça-feira tenha sido mais tranquila do que os dias anteriores, as autoridades monitoram de perto quase 30 convocações para manifestações perante centros ou escritórios de advocacia que prestam assistência jurídica a imigrantes e solicitantes de asilo.
A Law Society of England and Wales denunciou um “ataque direto” à profissão que representa e a ministra da Justiça, Shabana Mahmood, alertou que aqueles que participarem da violência “se juntarão às centenas que já foram detidas pela polícia durante a primeira semana”.
As autoridades efetuaram cerca de 400 detenções desde o início dos protestos, no final de julho, e cerca de cem pessoas foram indiciadas.
A onda de violência eclodiu após um ataque com faca em 29 de julho que matou três meninas durante uma festa temática da cantora americana Taylor Swift em Southport, noroeste da Inglaterra, e que depois se espalhou por todo o país e chegando inclusive à Irlanda do Norte.
Os distúrbios foram alimentados por falsos rumores e especulações na Internet sobre a identidade do suspeito e algumas versões divulgadas por supostos influenciadores de extrema direita indicavam que o autor do crime era um solicitante de asilo muçulmano.
A polícia informou que o suspeito é um menino de 17 anos nascido no País de Gales, mas a imprensa britânica afirma que seus pais são ruandeses.
No final de uma nova reunião de crise na noite de terça-feira (6), o primeiro-ministro Keir Stramer disse esperar “condenações severas” para os manifestantes.
O líder, eleito há apenas um mês na esmagadora vitória dos trabalhistas sobre os conservadores, garantiu também que a sua prioridade é garantir a segurança da população.
O governo indicou que esta semana começaria a operar uma espécie de exército de reserva de 6 mil policiais especializados em manter a ordem.
Redação / Folhapress