PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Ana Patrícia e Duda são as favoritas, mas isso não importa. Também não importa terem atropelado as letãs Tina Graudina e Anastasija Samoilova depois de começar o jogo perdendo por 6 a 0. A melhor dupla do mundo na atualidade ignora o ranking e o próprio favoritismo na busca pelo ouro em Paris-2024.
“Eu e a Duda, a gente tem um pensamento anti-número. Não gostamos nem de pensar quantas partidas a gente jogou, se ganhou ou perdeu set. Toda vez que a gente entra ali é um novo jogo”, diz Ana Patrícia.
O “ali” apontado pela atleta é a arena do vôlei de praia montada em frente à Torre Eiffel, de longe o cenário mais icônico destes Jogos. Nesta quarta-feira (7), em apenas 32 minutos, fizeram 2 a 0 nas adversárias, como já haviam feito em todos outros duelos disputados no torneio. Parciais 21/16 e 21/10. Com 0 a 6 no placar, um pedido de tempo foi o suficiente para reiniciar na prática a partida.
“Foi muito bom abrir 6 pontos, mas elas mudaram o jogo em 200%, não pudemos impedir”, resumiu o jogo em uma frase Graudina.
“Começou do jeito que tinha que começar. Faz parte, elas entraram com uma proposta muito boa de saque, dificultou um pouco. Estamos nos Jogos Olímpicos, temos que trabalhar o emocional, medir a dificuldade”, contou Ana Patrícia.
A dupla brasileira busca uma vaga na final nesta quinta-feira (8), a partir das 16h, contra as australianas Mariafe Artacho del Solar e Taliqua Clancy, que eliminaram Carol Solberg e Bárbara nas oitavas, no domingo (4). “Time vice-campeão olímpico. Já jogamos também inúmeras vezes, já ganhamos, já perdemos. Jogão”, afirmou a brasileira, festejando o fato de que o calendário do vôlei de praia olímpico “voltou ao normal”.
Na fase de classificação, os jogos eram espaçados, o que não ocorre no circuito profissional. “A gente gosta da intensidade. Se pudesse, ter até mais de um jogo no dia. É o que a gente já faz.”
Mas se número não pesa mesmo? “A gente já carrega uma pressão diariamente. Da vida. Desde que a gente se juntou [em 2022], existe essa expectativa de Duda e Ana Patrícia nas Olimpíadas. Acho que conseguimos conquistar muita coisa, mas praticamente só se falava nesse momento agora de Olimpíadas. É inevitável falar sobre isso, mas não acho que isso ajuda”, disse Duda.
A outra semifinal do vôlei de praia, modalidade em que o Brasil passou em branco em Tóquio-2020, apesar do domínio histórico (12 medalhas, 7 no feminino), acontece também nesta quinta (8), entre Huberli/Bruner, da Suíça, e Melissa/Brandie, do Canadá. As disputas de ouro e bronze ocorrem no dia seguinte.
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE / Folhapress