PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – A enchente histórica que atingiu Porto Alegre em maio foi o principal tema no debate entre os pré-candidatos à prefeitura nesta quinta-feira (8), exibido pela TV Bandeirantes.
Foram convidados o prefeito Sebastião Melo (MDB), que busca a reeleição, a deputada federal Maria do Rosário (PT), a ex-deputada estadual Juliana Brizola (PDT) e o deputado estadual Felipe Camozzato (Novo).
Os candidatos discutiram suas propostas para aprimorar o sistema de proteção contra cheias em Porto Alegre e se dividiram na hora de atribuir a responsabilidade pelas falhas que causaram a inundação de diferentes bairros da cidade, como os problemas em 19 das 23 estações de bombeamento de água pluvial e a ineficácia de algumas comportas para impedir que a cheia do lago Guaíba se alastrasse pela zona norte e o centro da capital.
Durante todo o primeiro bloco e em vários momentos da noite, o debate foi marcado por dobradinhas entre candidatos mais próximos ideologicamente, indicando a naturalidade de possíveis alianças em um eventual segundo turno.
Em tom amistoso, Maria do Rosário e Juliana Brizola aproveitaram o tempo das perguntas para criticar a gestão Melo e priorizaram o tempo de tela para colocar o prefeito como o principal responsável pelos problemas estruturais do sistema de diques e casas de bombas, acusando sua gestão de não fazer os investimentos adequados na manutenção do sistema.
Rosário destacou a prisão temporária, no início do ano, da ex-secretária municipal de Educação Sônia da Rosa, investigada por envolvimento em um esquema de recebimento de propinas.
Já Melo e Camozzato se uniram em críticas à postura do governo Lula (PT) para a reconstrução do Rio Grande do Sul e da capital gaúcha. O prefeito disse que a União foge da responsabilidade de investir em prevenção de desastres.
Disse que a prefeitura vai começar neste mês a reconstrução dos diques da Fiergs e do Sarandi, danificados durante as cheias, e encaminha novos projetos para as casas de bombas. “É um conjunto de obras de R$ 500 milhões. Por enquanto, não chegou nenhum centavo do governo federal. Só promessas”, afirmou
Segundo ele, o partido de Lula “governa o país há 18 anos, e a proteção de cheias, que é responsabilidade do governo federal passou a ser responsabilidade dos prefeitos”.
Maria do Rosário ironizou o foco de Melo nas ações federais, e questionou sua fala sobre não estar ali “para fazer acusações às pessoas”. Segundo ela, “os ataques que ele faz aqui, num momento tão difícil como o que a cidade está vivendo, parece que quer entregar a chave da prefeitura para o presidente Lula governar diretamente, porque tudo é cobrança para lá”.
Maria do Rosário vai para a disputa após confirmar a aliança com o PSB, que decidiu pelo apoio à petista por uma estreita margem.
Melo conta com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, que veio a Porto Alegre na convenção municipal que selou o apoio do PL à sua reeleição, em julho. O partido também indicou a candidata a vice, a tenente-coronel Betina Worm, que deixou a ativa do exército para aceitar o convite.
Juliana Brizola confirmou a candidatura na última semana, indo para a disputa com o deputado estadual Thiago Duarte (União Brasil) como vice. Ela defendeu a expansão das escolas de turno integral, e destacou a conexão de seu avô Leonel Brizola com essa bandeira.
Em chapa pura e tendo como vice a empresária Raqueli Baumbach, Camozzato se apresentou colocando sua formação em administração como sinal de compromisso com uma gestão de equilíbrio financeiro, defendeu a desburocratização do setor público e criticou o legado do PT na cidade na área de segurança pública.
O pré-candidato do Novo também apontou problemas de mobilidade urbana como os engarrafamentos na capital. “Porto Alegre tem sinaleira demais”, disse. “Temos muito anda e para, o que dificulta a chegada da população nas suas casas.”
Ele defendeu maior integração entre sistemas de transporte na região metropolitana, e abertura à inovação.
CARLOS VILLELA / Folhapress