Praticada atualmente por cerca de 11 milhões de brasileiros, a natação é um esporte que oferece ganhos significativos para o corpo. São tantos benefícios em tantas áreas diferentes que a modalidade é tida como um dos melhores esportes para se praticar. Maria de Lourdes Cassis, professora de natação do Centro de Práticas Esportivas da USP, comenta os diversos benefícios da modalidade, afirmando ser ele um “esporte primordial para a saúde”.
Uma prática completa
A natação é um dos esportes que melhor desenvolvem o corpo como um todo, exigindo dele tanto na parte aeróbica quanto muscular. Com isso, o praticante consegue melhorar seu funcionamento cardiovascular, aprimorando seu condicionamento físico, e ao mesmo tempo constrói músculos. “Através dos movimentos de propulsão dos membros superiores e inferiores, você consegue desenvolver a capacidade de força e a capacidade e resistência aeróbica”, resume a instrutora. Fazendo uma analogia, é como se a pessoa treinasse corrida e musculação simultaneamente.
Além disso, na natação não existe ser destro ou canhoto: tudo é trabalhado de forma equilibrada. “A diferença da natação para os esportes que desenvolvem mais uma lateralidade do seu corpo (como tênis, futebol ou basquete) tende a ser esse benefício de trabalhar de uma forma simétrica os dois lados, o que auxilia no equilíbrio do desenvolvimento muscular.”
Ela é também uma ótima forma de trabalhar o sistema respiratório. A intercalação da respiração e a necessidade de segurar o oxigênio fazem jus à fama de pulmões saudáveis de seus praticantes. A prática na piscina “vai desenvolver muito mais a musculatura expiratória, e isso ajuda muito na parte de quem tem problema de respiração. Isso dá um plus no trabalho de resistência física geral e na parte cardiovascular”, afirma Maria de Lourdes.
Corpo intacto
Outro enorme benefício da natação, colocando-a no topo dos esportes, é seu índice de lesão ser um dos menores dentre todas as práticas (perdendo talvez apenas para o xadrez). Mesmo movimentando tanto o corpo, a chance de se lesionar por causa da natação é baixíssima; quando ocorre, geralmente é porque a pessoa já tinha uma predisposição ou lesão prévia.
Isso acontece porque o exercício é na água e sem nenhum tipo de impacto direto. “Então as suas articulações ficam com menos sobrecarga física decorrente da ação da gravidade. Isso faz com que você se sinta mais leve na água, não sinta o peso do seu corpo dentro da água.” As articulações são exigidas apenas para a condução dos movimentos, não para sustentar peso e impacto. A consequência é que várias áreas do corpo podem naturalmente relaxar, proporcionando flexibilidade e descompressão.
A posição corporal diferenciada da natação para os outros esportes também contribui para a preservação física. “Você sai da posição vertical para a horizontal, e isso já alivia todo o estresse que acontece na sua coluna, no joelho, no tornozelo. Então, acontece que todo o desenvolvimento da sua musculatura dorsal (região das costas) é favorecido.”
Prazer em nadar
A natação ainda pode ser um esporte muito gostoso de se praticar. Talvez um pouco menos nas manhãs frias de inverno, mas estando num país tropical, cair na água tende a proporcionar relaxamento. Além da endorfina por praticar atividade física, Maria de Lourdes lembra também desse aspecto positivo indireto, comparando a natação com tomar banho: “Quando a água faz uma leve pressão sobre a sua pele, ela faz com que a sua musculatura relaxe e você se sinta mais leve, menos estressado e mais tranquilo”.
Já caso você seja um entusiasta das águas frias, o benefício é uma melhora do sistema imunológico, desenvolvimento ainda mais rápido do sistema respiratório, alívio de ansiedade e melhora do foco e atenção. Maria de Lourdes ainda faz menção a um caráter mais subjetivo de nadar, pois o meio líquido nos remete à nossa própria origem: o útero. “Isso traz de certa forma uma percepção de si mesmo, o trabalho de um aspecto emocional intrínseco”, contribuindo também para aprimorar a questão do medo e superação.
**Texto por Jornal da USP