Resultado da Petrobras foi sólido e dentro do esperado apesar de prejuízo, diz Magda

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou nesta sexta-feira (9) que o desempenho da companhia no segundo trimestre de 2024 foi sólido e dentro do esperado, apesar do prejuízo de R$ 2,6 bilhões, o primeiro desde 2020.

Em vídeo gravado para teleconferência com analistas nesta sexta-feira (9), ela argumentou que o acordo tributário com a Receita Federal, que teve forte efeito contábil sobre o desempenho da estatal, “trouxe vantagens expressivas para a empresa e para a União”.

Segundo a estatal, sem os efeitos extraordinários, o lucro do trimestre ficaria em R$ 28 bilhões, próximo aos R$ 28,8 bilhões do mesmo trimestre do ano anterior. Além do acordo com a Receita, a desvalorização do real frente ao dólar ajudou a derrubar o resultado.

Na teleconferência, o diretor Financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo, disse que a empresa teve forte geração de caixa no período, “suficiente para suportar investimentos e obrigações financeiras, além do pagamento de dividendos do primeiro trimestre”.

Nesta quinta (8), a companhia anunciou a distribuição adicional de R$ 13,6 bilhões em dividendos sobre o desempenho do segundo trimestre, respeitando sua política de remuneração aos acionistas que prevê a distribuição de 45% do fluxo de caixa livre.

Para isso, recorreu à reserva de remuneração criada em 2023 e composta pelos dividendos extraordinários retidos no início do ano, o que gerou em analistas dúvidas sobre a possibilidade de distribuição desse valor até o fim do ano, como propôs o governo.

Melgarejo disse que a distribuição extraordinária não tem relação com o uso das reservas, mas sim com projeções futuras de fluxo de caixa e obrigações, que serão definidas no debate sobre o novo plano de investimentos da companhia, em novembro.

“Vamos fazer estudos sobre o planejamento estratégico, que é quando teremos visão melhor da necessidade de investimentos, da necessidade de disponibilidade de caixa”, afirmou. Ele destacou na teleconferência que a empresa vem pagando mais dividendos que suas concorrentes nos últimos 12 meses.

Os resultados recorrentes ficaram abaixo das expectativas do mercado. O banco UBS, por exemplo, destacou em relatório que o Ebitda, indicador que mede a geração de caixa, ficou 9% abaixo de suas expectativas e 5% abaixo do consenso do mercado.

Diante da possibilidade de repercussão negativa do resultado, a Petrobras agendou um primeiro encontro com analistas ainda na noite de quinta, após a divulgação do balanço, que foi arquivado na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) por volta das 21h30.

Em geral, relatórios distribuídos por grandes casas de análise no início da manhã desta sexta indicam que o mercado compreendeu os argumentos da companhia e volta suas atenções para os passos futuros, principalmente no que diz respeito a dividendos.

A analista Monique Greco, do Itaú BBA, afirmou ver potencial para melhora no “dividend yeld”, indicador que mede a rentabilidade de uma ação pelos dividendos distribuídos, da empresa nos próximos trimestres. O corte na projeção de investimentos para 2024, afirmou, pode ajudar.

A empresa esclareceu que o corte na projeção de investimentos, de US$ 18,5 para até US$ 14,5 bilhões, responde a atrasos na assinatura de contratos de plataformas que entrarão após 2030 e adiamento de manutenção na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, entre outros.

Não teriam impacto na produção de petróleo da companhia nem na busca por investimentos em setores considerados prioritários para o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como petroquímica e fertilizantes.

Em sua fala, Magda, reforçou o interesse em voltar a esses setores e voltou a dizer que a empresa vai “respeitar lógica empresarial” e mecanismos de governança na escolha dos novos investimentos, além de manter foco na disciplina de capital.

“Entendemos que dessa forma estaremos contribuindo para movimentar a economia do país e para atender aos anseios mais profundos dos nossos acionistas”, afirmou.

NICOLA PAMPLONA / Folhapress

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