SAO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma mulher de 71 anos e em situação de rua foi atropelada por um taxista e morreu na tarde desta quinta-feira (8) no cruzamento das avenidas Higienópolis e Angélica, no centro de São Paulo.
A mulher, que não portava documentos, era conhecida no bairro de Higienópolis pelo apelido de Princesa. Ela costumava ficar na rua Bahia, segundo pessoas que estavam no local do acidente contaram para a reportagem.
Em seu depoimento, o taxista de 70 anos relatou aos policiais seguia pela avenida Angélica no sentido da avenida Paulista, quando ao fazer uma conversão para a direita ouviu um barulho. Devido a um ponto cego, ele disse que não percebeu o que havia acontecido e continuou o percurso. Ele disse para os investigadores que somente parou ao ouvir gritos. Foi quando notou que tinha atropelado uma pessoa.
O socorro foi acionado por testemunhas, e o taxista esperou a chegada de policiais ao local. Ele disse que costumava ver a mulher na região e que estava abalado.
Ainda no boletim de ocorrência, policiais militares afirmaram ter chegado ao endereço quando a vítima já era socorrida pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). O corpo se encontrava na via, mas distante da faixa de pedestres, de acordo com a fala dos policiais militares.
O médico do Samu constatou a morte da mulher às 16h05.
Conforme o boletim de ocorrência, o carro do IML foi acionado às 17h40. O corpo da moradora de rua foi removido às 19h52.
O tempo em que o cadáver permaneceu na via e a maneira como ocorreu a perícia chamaram a atenção dos moradores, que se queixaram sobre o ocorrido.
Nádia Pereira Nunes, 71, professora aposentada, moradora há mais de 40 anos no bairro, falou: “A perícia desnudou ela toda, no meio da rua, com todo mundo vendo”, disse. “Ficamos indignados. Ela era muito conhecida no bairro.”
Procurada sobre as queixas na noite desta quinta-feira, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo respondeu que a Polícia Técnico-Científica “chegou para o atendimento da ocorrência cerca de 20 minutos depois do acionamento. Após as diligências pertinentes, o local foi liberado. Quanto às vestes da vítima, cabe informar que assim que iniciou os trabalhos, a equipe pericial já a encontrou despida após o atendimento médico. A orientação da equipe policial é a preservação das vítimas durante o seu trabalho”.
O caso foi registrado como homicídio culposo na direção de veículo no 2º DP (Bom Retiro).
Como a Folha de S.Paulo mostrou, as mortes no trânsito em São Paulo dispararam no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2023.
Na capital paulista, a alta foi de 31,6% -passou de 395 para 520. Mortes de pedestres cresceram 28%, totalizando 192 até junho deste ano.
CLAYTON CASTELANI E PAULO EDUARDO DIAS / Folhapress