SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Pablo Marçal, pré-candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, afirmou que o presidente do seu partido deveria se explicar sobre áudio em que diz manter vínculos com o PCC.
“Eu acredito que as pessoas têm que ter o direito ao contraditório. Se ele falou, que ele se explique”, disse durante entrevista ao podcast O Assunto, nesta sexta-feira (9).
Como mostrou a Folha de S.Paulo, Leonardo Avalanche, presidente nacional do PRTB, disse em um áudio de fevereiro deste ano que teria influência dentro do grupo criminoso. Em conversa com Thiago Brunelo, também do PRTB, ele diz que seu motorista seria aliado de Francisco Antonio Cesário da Silva, conhecido como Piauí, ex-chefe do PCC na favela de Paraisópolis (SP), além de se dizer responsável pela soltura de André do Rap, outro chefe da facção, posto em liberdade por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) em 2020.
Marçal disse ter questionado Avalanche, que teria se defendido dizendo se tratar de uma montagem.
A Folha de S.Paulo confirmou a veracidade da gravação com duas pessoas que participaram do encontro e outras três que são do entorno do atual presidente do PRTB.
Ao ser confrontado durante a entrevista desta sexta, Marçal disse: “Se confirmou e isso for uma conversa fiada, que ele apresente as declarações dele. Ele mesmo tem que se defender”.
Também afirmou: “Não tenho compromisso com bandido nenhum. O presidente não manda nas minhas decisões, eu escolhi a vice”.
O pré-candidato disse também que gostaria de ser candidato independente, sem partido, o que não é permitido no Brasil, e que sua primeira opção para as eleições deste ano era o partido DC, de José Maria Eymael. “Entrei no partido de um cara tão gente boa, o Eymael, não tem processo não tem nada, só que ele não tem palavra. Na hora de sair a candidatura ele me tirou e eu entrei nesse partido [PRTB] de última hora.”
As suspeitas envolvendo o dirigente do PRTB também foram tema no debate de quinta-feira (8), na TV Bandeirantes. Ao chegar à sede da emissora, Marçal disse que o presidente do seu partido “ainda nem foi preso” e se referiu às prisões de Michel Temer, do MDB, e de Valdemar Costa Neto, do PL. “Se for comparar prisão, a gente está em vantagem”, disse.
ENTENDA O CASO
Avalanche fez as declarações em um encontro em um restaurante com Thiago Brunelo, em São Paulo. O diálogo entre os dois ocorreu em um contexto de disputa interna pela presidência do PRTB. Avalanche não sabia que estava sendo gravado.
“Não tem o Piauí, de [inaudível]? Não tem o chefe do PCC que está solto? Ele é a voz abaixo”, disse Avalanche, referindo-se ao seu motorista.
“Ele nunca mexeu com política. Hoje ligaram para o menino, né, lá dentro da cadeia e falaram: ‘Estou trabalhando pro Avalanche de motorista’.”
Ele continua: “Eu sou o cara que soltou o André [do Rap]. A turma não sei se vai te contar isso. Esse é o meu trabalho, entendeu? A próxima, agora, a gente vai botar um lugar acima dele. Esse é o meu dia a dia”.
Avalanche disse à reportagem não reconhecer sua própria voz no áudio nem a veracidade da gravação. “Não sei de quem são essas vozes, hoje com essas tecnologias artificiais esse tipo de pessoas pode criar vários conteúdos e dá [sic] vida a isso”, afirmou, por meio de mensagem de texto.
BRUNO XAVIER / Folhapress