PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Medalha de ouro no peito, Ana Patrícia e Duda evitaram pensar em planos de longo prazo. Disposta apenas a curtir a glória obtida nos Jogos Olímpicos de Paris, a dupla brasileira do vôlei de praia não quis nem falar sobre a possibilidade de defender o título, em 2028, em Los Angeles. Mas fez questão de deixar um ponto bem claro.
“Calma, calma, calma, calma. Um dia de cada vez. Vamos viver agora, né, porque a gente não sabe o dia de amanhã, precisamos aproveitar todos os dias”, afirmou Duda, interrompida pela parceira.
“Mas vamos estar juntas, gente, para não ficar nada subjetivo. Nós não sabemos se estaremos em Los Angeles, mas vamos estar juntas”, disse Ana Patrícia.
“Eu vou terminar minha carreira com a Patrícia.”
“E eu, com a Duda.”
“Então, não sabemos quando, mas vamos terminar juntas, unidas e felizes.”
Era esse o tom das conversas entre as campeãs olímpicas já na madrugada francesa de sábado (10), ao fim da dura vitória por 2 sets a 1 sobre as canadenses Melissa Humana-Paredes e Brandie Wilkerson, na arena montada aos pés da Torre Eiffel. Um triunfo que comprovou o acerto da reunião da mineira e da sergipana.
Campeãs como companheiras nos Jogos Olímpicos da Juventude, em 2014, elas passaram a atuar ao lado de outras atletas quando se tornaram profissionais e, entre bons e maus resultados, tiveram campanhas que consideraram decepcionantes nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021. Então, resolveram reeditar a velha parceria.
Agora, além das juras de amor eterno, dividem manias. Duda não se considerava uma pessoa supersticiosa, porém foi levada por Ana Patrícia a adotar rituais. As peças de roupa foram repetidas nos sete jogos da campanha rumo ao ouro no Stade Tour Eiffel.
“Top, short, biquíni, top de cima. Foi tudo o mesmo desde o começo, a gente só lavou todo dia”, afirmou Ana Patrícia. “A gente ajeitava a nossa cama, botava toda a roupa ali. Eu não era muito assim, mas virei nesta Olimpíada a deu certo”, observou Duda, para alegria da parceira: “Agora, lascou, é para o resto da vida”.
MARCOS GUEDES / Folhapress