VINHEDO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal diz que os primeiros 24 corpos das vítimas do acidente aéreo que matou 62 pessoas em Vinhedo (SP) provavelmente poderão ser identificados por meio de impressão digital.
Esses corpos, que foram resgatados na manhã deste sábado (10), estavam na parte da frente da aeronave, menos atingida pelo fogo após a queda. Durante a tarde, o número subiu para 31.
Segundo Carlos Palhares, diretor do Instituto Nacional de Criminalística, estão sendo usados três métodos não invasivos de identificação, por impressão digital, arcada dentária e exame de DNA, esses mais demorados.
“Estamos na fase de coleta de informações que vão permitir na identificação”, disse. “Praticamente todos os corpos retirados até agora são passíveis de análises com impressão digital, que é mais célere.”
De acordo com o perito, não há como dar uma previsão de como vai ser a identificação dos outros corpos.
Familiares que estão sendo acolhidos pelo governo de São Paulo na capital paulista serão entrevistados e farão coleta de material genético –a preferência é por pai e mãe ou, no caso de impossibilidade, de avós maternos.
“Não é qualquer pessoa que pode fornecer material genético. É preciso ter vínculo familiar”, disse.
Dentistas das vítimas também deverão ser procurados. E há ainda a possibilidade de exames antropológicos, com próteses.
Rodrigo Sanfurgo, superintendente da Polícia Federal em São Paulo, disse que os melhores peritos do Brasil estão em Vinhedo neste sábado.
“A prioridade é remover as vítimas de forma que possa ser feita a informação.”
Os corpos estão em estado difícil identificação, disse o capitão Michael Cristo, porta-voz do Corpo de Bombeiros. Foram identificados primeiro os dois pilotos.
Ele explicou que o trabalho de remoção das vítimas começou com a perícia feita fora da aeronave. Depois, foram se recortando partes do avião e as removendo com ajuda de guinchos para chegar aos passageiros.
“Conforme a gente identifica ali nos destroços da aeronave um possível corpo, as equipes de identificação entram nesse cenário”, disse. Segundo ele, os peritos fazem fotos e colhem o máximo de evidências da vítima para ser o mais preciso possível, considerando características físicas, documentos, celular e o posicionamento na aeronave.
“Para quem viu imagens aéreas, o avião caiu como se estivesse chapado no chão. A gente está com o desenho da aeronave no chão”, explicou Cristo. “Todos os corpos estão como estivessem sentados em seus respectivos assentos. Lógico que tem a dinâmica da queda, do movimento quando bate no solo, mas as vítimas estão dentro da aeronave”.
A parte da frente, da qual foram resgatadas as primeiras 24 vítimas, sofreu um dano menor, segundo o capitão. “Conforme a gente a gente avança a dinâmica é mais traumática”. O incêndio foi pior da metade para o final da aeronave, disse.
O trabalho pode durar de 12 a 36 horas, conforme o porta-voz, uma vez que a chuva deixa o terreno escorregadio.
FÁBIO PESCARINI / Folhapress