RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Ao relembrar o caminho até o Plano Real, um dos seus criadores, Pedro Malan, afirma que o controle da inflação é “uma grande conquista já incorporada” pelos brasileiros, que não se permitiriam viver em uma nova era de hiperinflação.
“A sociedade brasileira hoje não permitirá que nenhum governo tenha uma atitude excessivamente leniente e complacente acerca da inflação”, disse o economista durante palestra no evento Finance Of Tomorrow, nesta segunda-feira (12).
As expectativas quanto à inflação brasileira têm piorado. Segundo o último boletim Focus, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deve somar 4,20% neste ano, ante uma previsão de 4,12% na semana anterior. O limite da meta inflacionária do Banco Central é de 4,50%.
O ex-ministro da Fazenda, que foi também presidente do Banco Central, exaltou os aprendizados com as políticas econômicas brasileiras que deram errado. Por meio deles, o Plano Real se sagrou vitorioso no combate à inflação.
“O real não foi uma coisa que surgiu de repente, do nada. Teve um antes, um longo debate sobre a economia brasileira, um aprendizado, com os erros, com as experiências passadas”, disse Malan.
Quanto ao futuro, o economista aposta que o poder de inovação irá determinar o desenvolvimento econômico brasileiro.
“O verdadeiro motor do crescimento é o desenvolvimento tecnológico. Capacidade de inovação é o essencial. Isso depende de investimento em gente, em educação como política pública e como valor de famílias”, afirmou Malan.
Além do investimento em tecnologia e educação, o economista também considera fundamental uma maior integração do Brasil com a economia mundial, dos pontos de vista comercial, tecnológico, financeiro e regulatório.
RAIO-X | Pedro Malan, 81
Natural de Petrópolis (RJ), cursou Engenharia e Economia, área em que tem doutorado pela Universidade da Califórnia, Berkeley (EUA). Foi professor do Departamento de Economia da PUC-Rio e teve intensa vida pública. Foi negociador-chefe da dívida externa (1991-1993), presidente do Banco Central (1993-1994) e ministro da Fazenda (1995-2002). Autor de vários textos, publicou o livro Uma certa ideia do Brasil: Entre passado e futuro (Intrínseca, 2018), e foi sendo também co-organizador do “130 anos em busca da República” (Intrínseca, 2019), vencedor do Prêmio Jabuti em 2020.
JÚLIA MOURA / Folhapress