SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A força-tarefa da Polícia Técnico-Científica de São Paulo concluiu, nesta segunda-feira (12) que a maioria das vítimas do voo 2283, da Voepass, morreu de politraumatismo em razão da queda. O avião caiu de uma altura de quase 5.000 metros e matou os 62 passageiros a bordo, na sexta-feira (9), em Vinhedo (SP).
Segundo as investigações, o grande impacto com o solo causou múltiplas fraturas pelo corpo das vítimas, antes de serem carbonizadas pelas chamas da explosão da aeronave.
O politraumatismo é caracterizado por lesões graves em pelo menos duas partes do corpo. Os ferimentos mais comuns incluem fratura dos ossos, crânio, coluna e extremidades, além de lesões em vasos sanguíneos e em órgãos internos, ocasionando hemorragia.
Acidentes de trânsito, incêndios, agressões e quedas de grandes alturas podem causar traumas múltiplos.
Em casos extremos, o politraumatismo pode levar à morte imediatamente após o acidente ou horas e até mesmo dias depois. Isso porque infecções generalizadas também podem ocorrer posteriormente.
Segundo o cirurgião-geral Milton Steinman, especialista no atendimento a vítimas de situações extremas do Hospital Israelita Albert Einstein, a chance de viver após ter politraumatismo vai depender da gravidade e da localização das lesões, além de uma boa infraestrutura de atendimento de emergência.
O medico-cirurgião Lúcio Lucas Pereira, gerente de pacientes cirúrgicos no Hospital Sírio-Libanês, explica que pessoas que praticam esportes radicais, como paraquedismo e escalada, ou que tenham trabalhos mais perigosos, como construção civil e manuseio de maquinário pesado estão mais expostas a traumas múltiplos em caso de acidente e, portanto, têm maior risco.
Além disso, idosos são particularmente vulneráveis a politraumatismos, devido à fragilidade óssea e à menor capacidade de recuperação.
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O QUE É POLITRAUMATISMO?
O politraumatismo, também conhecido como traumatismo multissistêmico, é uma condição em que um paciente sofre múltiplas lesões pelo corpo, resultantes de um único evento traumático, como acidentes aéreos e de trânsito.
As principais lesões são fratura dos ossos, do crânio, lesões na coluna e hemorragia dos órgãos internos.
QUAIS SÃO AS CAUSAS?
Esse tipo de trauma ocorre com frequência em situações que envolvem a transmissão de grandes quantidades de energia cinética, como em desastres aéreos, como ocorreu com as vítimas de Vinhedo.
Além disso, um politraumatismo pode ocorrer no dia a dia. Uma das principais causas são acidentes de trânsito de alta velocidade e atropelamentos, especialmente os que envolvem motocicletas.
Incêndios, explosões, agressões físicas intensas e quedas de grandes alturas também podem gerar traumas múltiplos.
QUAIS SÃO OS TIPOS DE POLITRAUMATISMO?
Os traumas podem ser classificados como abertos, quando há uma ruptura na pele que comunica o interior do corpo com o meio externo, ou fechados, quando as lesões ocorrem internamente, sem ferimentos visíveis na superfície do corpo.
Um exemplo de trauma aberto seria um corte profundo na pele, enquanto um trauma fechado poderia ser uma lesão interna no fígado causada por uma batida forte, mas sem cortes externos.
Em casos de politraumatismo, as lesões podem variar dependendo do tipo e da gravidade do acidente. Comumente, incluem:
Trauma craniano,
Traumatismo de coluna;
Lesões de grandes vasos com hemorragias significativas;
Fraturas de extremidades.
É POSSÍVEL SOBREVIVER A UM POLITRAUMATISMO?
Sim, mas depende da gravidade e localização das lesões. Quanto maior o impacto do acidente do corpo, maior será a gravidade e os riscos.
Um sistema de trauma eficiente é essencial para aumentar as chances de sobrevivência.
Isso inclui uma rede organizada de atendimento, desde o socorro inicial até a reabilitação, com centros especializados, transporte de emergência e protocolos de tratamento para melhorar os resultados e reduzir a mortalidade.
A sobrevivência também depende do tempo de resposta e da qualidade dos cuidados prestados, que podem variar dependendo do acesso a serviços de emergência e cuidados especializados.
COMO FUNCIONA O TRATAMENTO?
O tratamento de politraumatismo é altamente individualizado e depende da natureza e gravidade das lesões específicas.
O primeiro passo é estabilizar o paciente, garantindo que funções vitais como respiração e circulação sanguínea sejam mantidas. Isso envolve medidas emergenciais, como intubação, administração de fluidos intravenosos, ou mesmo cirurgias de emergência.
Após a estabilização inicial, o tratamento continua com foco nas lesões específicas, que podem incluir cirurgias para reparar fraturas, tratamentos para controlar hemorragias internas, e cuidados intensivos para lesões cerebrais ou abdominais.
VITOR HUGO BATISTA / Folhapress