SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O Ministério Público de Goiás denunciou o empresário Antônio Scelzi Netto pelo assassinato do vigilante Clenilton Lemes Correia, que morreu atropelado quando ia para o trabalho em 9 de junho.
MPGO denunciou o empresário pelos crimes de homicídio doloso, quando há intenção de matar, e por omissão de socorro. Caso o Tribunal de Justiça de Goiás aceite a denúncia, Antônio passa a ser considerado réu. A reportagem questionou ao órgão se a denuncia já foi recebida ou aceita, mas não obteve retorno.
Promotoria destaca que Netto estava em alta velocidade e dirigiu o carro em zigue-zague após a vítima ficar presa ao seu Mercedes-Benz. Conforme parecer assinado pelo promotor Sebastião Marcos Martins, devido o impacto da batida, Clenilton e sua motocicleta ficaram presos ao carro do empresário, fato que motivou movimentos em zigue-zague para que o corpo se desprendesse de seu automóvel. Ele não parou para prestar socorro.
Clenilton foi arrastado por cerca de 90 metros e ainda estava vivo quando outro motorista acionou o socorro. “Ele [Antônio] deixou o local a fim de fugir às suas responsabilidades penal e civil. Ele não se dignou sequer a frear – o que poderia, inclusive, ter evitado a morte da vítima”, diz o parecer do MPGO.
Antônio tinha ingerido bebida alcoólica no dia do acidente. Ainda segundo a denúncia, na noite anterior ao crime e na madrugada do dia do acidente, o empresário passou por cinco estabelecimentos de Goiânia e ingeriu álcool nesses locais antes de dirigir.
MPGO estipula pagamento de indenização aos familiares da vítima. O órgão pediu à Justiça que, em caso de condenação, o empresário pague um valor reparatório por danos morais aos dependentes de Clenilton. Além disso, é solicitado o pagamento de uma indenização mensal no valor que o vigilante recebia por seu trabalho.
Em nota, a defesa do empresário alega que a denúncia do MPGO é “baseada em equívocos já identificados e apontados no relatório da polícia”. “Primeiramente, importante ressaltar que o relatório omitiu fatos cruciais que demonstram claramente que o acidente foi uma fatalidade, e não um ato intencional. Apesar de a defesa ter solicitado a realização de análise técnica por especialistas, essa ainda não foi realizada. As novas diligências demonstrarão, indubitavelmente, que fatores externos contribuíram de forma decisiva para o trágico desfecho”, afirma a nota.
Defesa reiterou que o acidente, “embora lamentável, não configura homicídio doloso”. “Reafirmamos nosso compromisso com a verdade, a justiça e o mais importante, com a família da vítima. Confiamos que os erros contidos na denúncia serão corrigidos no devido processo legal. Continuaremos a trabalhar incansavelmente para que todos os fatos sejam devidamente considerados e que a verdade prevaleça”, reiterou o advogado do empresário, Thales José Jayme.
Antônio Scelzii Netto chegou a ser preso, mas responde em liberdade.
RELEMBRE O CASO
A vítima, identificada como Clenilton Lemes Correia, estava a caminho do trabalho quando sua motocicleta foi atingida na parte traseira pelo carro de luxo do empresário. O vigilante foi arrastado por vários metros, sofreu politrauma com múltiplas lesões, não resistiu e morreu. As informações são da Polícia Civil de Goiás.
Na ocasião, o motorista fugiu sem prestar socorro à vítima. Antônio Scelzi Netto foi preso em flagrante horas depois. Conforme as autoridades, ele guardou o carro em sua residência localizada em um condomínio de luxo no Jardim Guanabara, em Goiânia, e foi se esconder em um galpão do pai dele, onde foi localizado e detido. Agora, ele foi liberado para cumprir medidas cautelares.
Placa do carro saiu com o impacto da batida. De acordo com a polícia, a placa do Mercedes ficou no local do acidente, enquanto a placa da motocicleta do vigilante ficou presa ao para-choque do automóvel de luxo.
Suspeito havia ingerido bebida alcoólica. Netto se recusou a fazer o teste do bafômetro, foi encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal) para realizar exame de sangue e o laudo apontou que ele havia tomado bebida alcoólica antes do acidente. Para a polícia, o depoimento do amigo “reforça” o laudo do IML.
Motorista alegou que não viu a motocicleta, segundo a delegada Ana Claudia Stoffel. Netto também teria dito que após o acidente ficou em “estado de choque” por isso não prestou socorro. A delegada também informou que duas testemunhas serão ouvidas, e as câmeras de vigilância da região em que a tragédia aconteceu serão analisadas.
Redação / Folhapress