Polícia investiga se quadriplex com jacuzzi e piscina na Maré foi construído pelo tráfico

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Prefeitura do Rio de Janeiro encontrou nesta terça-feira (13) duas coberturas de luxo em um condomínio na Maré, na zona norte. Um dos imóveis, um quadriplex, tem jacuzzi, piscina com cascata e churrasqueira. A polícia investiga se imóveis foram erguidos com dinheiro do tráfico local.

A Seop (Secretaria de Ordem Pública) fez uma operação conjunta para demolir um condomínio com mais de 300 imóveis divididos em 41 prédios no Parque União, uma das comunidades da Maré. Também participaram da operação a Promotoria do Rio de Janeiro, Polícia Civil e Polícia Militar.

Engenheiros da prefeitura estimam que o condomínio valia R$ 30 milhões.

Dois imóveis na cobertura chamaram atenção de agentes da prefeitura. Uma delas possuía dois andares, acabamento em mármore e porcelanato e uma grande área de lazer, com churrasqueira e piscina com capacidade de 40 mil litros. A construção tinha vista para o Complexo da Maré e para um campo de futebol do Parque União.

Em outra cobertura, agentes encontraram já finalizados jacuzzi, closet, piscina com cascata e churrasqueira. O imóvel tinha ainda escadas com lâmpada de led. No térreo, servidores da Seop encontraram um cômodo com caixas de vinho e champanhe. Policiais também encontraram drogas e caderno de anotação. Segundo a Polícia Civil, a cobertura de luxo era usada por traficantes.

Engenheiros da prefeitura avaliaram as duas coberturas juntas em R$ 5 milhões.

Em julho, a prefeitura já havia vistoriado o empreendimento e avisado que o condomínio seria demolido. Segundo a Seop, ninguém se apresentou como responsável pelas obras.

O Ministério Público e a Polícia Civil investigam se as construções foram erguidas através de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. Os promotores também apuram indícios de crimes ambientais.

“Graças ao uso da inteligência e a uma ação integrada e bem planejada chegamos a esse criminosos. Vamos continuar atrás de quem ousa desafiar o Estado, atingindo a raiz desses grupos, que é o controle financeiro”, afirmou o governador Cláudio Castro (PL).

Segundo a polícia, funcionários de entidades que representam a Maré fazem parte do esquema. A Polícia Civil não detalhou quais órgãos seriam.

“As investigações apontam que o Parque União é utilizado há anos na construção e abertura de empreendimentos para lavar o dinheiro oriundo do comércio de drogas”, disse a Polícia Civil, em nota.

O condomínio era formado por vários imóveis, alguns com até seis pavimentos. Segundo a Seop, 90% ainda estão em fase de alvenaria e totalmente desocupados. Os prédios foram erguidos sem autorização da prefeitura e sem responsável técnico.

No local onde o condomínio foi construído não é possível entrar com equipamentos. Agentes da Seop devem levar dias para fazer a demolição manualmente.

De acordo com a investigação, as obras tiveram início em 2017.

A Polícia Militar disse que a movimentação policial na Maré fez com que traficantes locais fugissem para outras comunidades. A região onde ocorreu a operação fica perto da avenida Brasil, principal via expressa da cidade.

Na Ilha do Governador, PMs do batalhão local receberam denúncia anônima sobre a presença de suspeitos em uma casa. Na residência a PM encontrou Luiz Gustavo da Silva Rosa, 31, conhecido como Bicheiro.

De acordo com a PM, Bicheiro faz parte do tráfico de drogas da Maré e de Angra dos Reis, na costa verde fluminense. Ele é apontado como envolvido em um tiroteio que matou os sargentos do Bope (Batalhão de Operações Especiais) Jorge Henrique Galdino Cruz e Rafael Wolfgramm Dias, durante uma operação em junho. Bicheiro tinha um mandado de prisão em aberto por homicídio.

YURI EIRAS / Folhapress

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