MDB, PSD e União Brasil travam disputa por protagonismo nas capitais

SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – Protagonistas no Congresso Nacional e centrais para a governabilidade do presidente Lula, MDB, PSD e União Brasil travam uma disputa particular pelo comando das prefeituras das capitais e trabalham para se consolidar entre os maiores partidos do país.

As três legendas fazem parte da base aliada do governo Lula (PT) e ocupam um total de nove ministérios, mas também flertam com o bolsonarismo nas capitais com viés mais conservador. Desta forma, construíram alianças e se posicionam entre os partidos que mais devem eleger prefeitos em outubro.

A reportagem mapeou um total de 192 candidaturas às prefeituras das 26 capitais aprovadas em convenção –os números, contudo, podem mudar até quinta (15), data final para o registro das candidaturas.

PSOL e PSTU serão os partidos com mais candidaturas nas capitais -16 cada um. Na sequência, aparecem PCO, Novo, PL e PT. Os partidos de Lula e Jair Bolsonaro têm candidaturas próprias consideradas competitivas, mas parte delas padece do isolamento político.

União Brasil, MDB e PSD, por sua vez, despontam entre as legendas com mais candidaturas competitivas, incluindo prefeitos que disputam a reeleição, ex-prefeitos, aliados de governadores e nomes que aparecem bem posicionados nas pesquisas eleitorais.

O PSD, partido liderado por Gilberto Kassab que se tornou a legenda com mais prefeitos do Brasil por meio de migrações partidárias, vai concorrer em oito capitais.

Quatro são prefeitos que disputam a reeleição: Eduardo Paes (Rio de Janeiro), Fuad Noman (Belo Horizonte), Topazio Neto (Florianópolis) e Eduardo Braide (São Luís). Também está entre as prioridades do partido o vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel.

Em Goiânia e Natal, o partido concorre, respectivamente, com o senador Vanderlan Cardoso e com o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves. Ambos são nomes conhecidos do eleitorado e pontuam bem nas pesquisas de intenção de voto, mas que não conseguiram formar alianças amplas nesta eleição.

O candidato do PSD com a tarefa mais difícil será o ex-deputado federal Daniel Coelho. Ele concorre no Recife contra o prefeito João Campos (PSB), que entra na disputa como franco favorito.

Internamente, porém, a candidatura deve ajudar o PSD a se consolidar na base da governadora Raquel Lyra (PSDB), que pode migrar para o partido e concorrer à reeleição na base do presidente Lula.

O resultado das urnas pode ajudar a definir o posicionamento do PSD para 2026. Ao mesmo tempo em que tem em Eduardo Paes um dos principais aliados do presidente, o partido é peça central na base do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), potencial candidato à Presidência.

O MDB, partido que governa a maior parcela da população nos municípios do país, trabalha para manter o posto e vai concorrer em 12 capitais, incluindo metrópoles populosas como São Paulo, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre.

“Nossos candidatos estão bem posicionados e vão apresentar projetos de governo com as características do MDB, que é política pública de entrega, a experiência, o equilíbrio e a moderação”, avalia o deputado federal Baleia Rossi (SP), presidente nacional do partido.

A meta é eleger prefeitos entre seis e oito capitais, incluindo a reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. A capital paulista é considerada estratégica pelos partidos para 2026 e reflete de forma mais intensa a polarização nacional.

Outros três prefeitos de capitais do MDB concorrem à reeleição: Sebastião Melo (Porto Alegre), Arthur Henrique (Boa Vista) e Dr. Furlan (Macapá), todos mais próximos ao bolsonarismo.

No campo lulista, a principal aposta do MDB é Belém, onde o deputado estadual Igor Normando concorre sem aliança com o PT, mas com o apoio de um bem avaliado governador, Helder Barbalho (MDB).

O partido ainda terá candidatos aliados ao presidente Lula em Salvador, Maceió e Rio Branco. Os respectivos candidatos Geraldo Júnior, Rafael Brito e Marcus Alexandre terão o apoio formal do PT, mas enfrentam eleições difíceis contra prefeitos em reeleição.

A divisão do partido entre lulistas e bolsonaristas é encarada com naturalidade: “A democracia interna e o respeito às realidades locais estão na essência do partido”, disse Baleia.

Resultado da fusão de Democratas e PSL, o União Brasil vai disputar uma eleição municipal pela primeira vez e apresentou nomes em 13 capitais. O Democratas elegeu quatro prefeitos de capitais em 2020, mas o único que permaneceu no novo partido e concorre à reeleição é Bruno Reis, de Salvador.

Apesar das baixas, o União Brasil se reforçou para as eleições municipais e trouxe para seus quadros nomes com musculatura política. A estrutura do partido foi determinante: terá a terceira maior fatia do fundo eleitoral, com R$ 536 milhões para gastar na eleição.

“Temos partido bem montado do ponto de vista político, com capilaridade. A gente se preparou bem para essa eleição, com um investimento focado nas cidades com mais de 200 mil eleitores, principalmente as capitais”, afirma Antônio Rueda, presidente nacional da sigla.

Ao menos cinco candidatos do partido vão concorrer nas capitais com o apoio dos governadores de seus respectivos estados.

Em Goiânia, o empresário Sandro Mabel se filiou ao União Brasil com o apoio do governador Ronaldo Caiado. Movimento semelhante aconteceu em Porto Velho, onde a ex-deputada Mariana Carvalho trocou o Republicanos pelo União Brasil, partido do governador Marcos Rocha.

Os pré-candidatos Eduardo Botelho (Cuiabá), Roberto Cidade (Manaus) e Catarina Guerra (Boa Vista) também entram na disputa com o respaldo dos governadores de seus estados. Em Natal, o deputado Paulinho Freire é apoiado pelo prefeito Álvaro Dias, do Republicanos.

A despeito de fazer parte da base do governo Lula, a maioria dos candidatos do União Brasil nas capitais está alinhada ao bolsonarismo. Três deles terão o apoio do PL e a única aliada de Lula é Rose Modesto, de Campo Grande, que até maio ocupava um cargo no governo federal.

Na eleição de 2020, MDB, DEM e PSDB foram os partidos que mais elegeram prefeitos nas capitais. Mas os tucanos tiveram perdas: além da morte de Bruno Covas, prefeito de São Paulo eleito em 2020, a legenda teve baixas em Natal e Porto Velho, onde os prefeitos migraram para outros partidos.

Atualmente, MDB e PSD são os partidos com maior número de prefeitos de capital -cinco cada.

JOÃO PEDRO PITOMBO / Folhapress

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