Atirador turco que teve gesto replicado por campeões diz que, por dentro, sentia uma tempestade

MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS) – A fama que o discreto atirador turco Yusuf Dikec ganhou nas Olimpíadas foi além da prata conquistada na disputa por equipes mistas da pistola de ar 10 m –junto a Sevval Ilayda Tarhan. Sua pose apontando para o alvo, com óculos comuns, relógio, protetor auricular e nenhum outro adorno, virou uma marca e foi reproduzido por outros atletas em Paris, como o sueco Armand Duplantis, que bateu o recorde mundial com tranquilidade no salto com vara.

A brincadeira de Duplantis foi repostada por Dikec nas redes sociais. O turco, que pouco se expõe, se tornou uma celebridade e já até tem uma página para contratação para que participe de eventos como palestrante, em que “poderá compartilhar sua jornada de uma pequena vila até se tornar um medalhista olímpico”.

Embora Duplantis tenha sido o maior nome a homenagear o turco, outros campeões fizeram o mesmo. Medalha de ouro do salto com vara feminino, Nina Kennedy, da Austrália, fez o movimento, mas sem a seriedade do atirador. Roje Stona, jamaicano que ficou com o ouro no lançamento de disco, repetiu a pose, apontando para o sino que ficava à beira da pista, destinado a quem batesse os recordes olímpicos, caso de Stona.

A cena de Dikec calmo mirando no alvo, porém, não retrata o que se passava dentro da cabeça do atleta, segundo ele próprio. “Naquele momento, todos dizem que eu parecia muito calmo, mas, na verdade, tempestades estavam se agitando dentro de mim. Eu acho que minha pose de tiro representou muito bem o espírito olímpico: o jogo limpo, a simplicidade, a clareza e a naturalidade. É por isso que chamou tanta atenção”, disse ele à BBC.

Sobre o futuro, Dikec se mostra confiante, conforme entrevista ao jornal Haberturk. Já afirmou que ele e sua dupla conquistarão o ouro em Los Angeles. “Eu só emprestei a medalha de ouro até 2028”, disse. Essa confiança, misturada à calma, porém, não condiz com a realidade, segundo o próprio atirador.

O atleta virou alvo de fake news nas redes sociais. Segundo uma postagem, o motivo para o sucesso do turco seria o seu divórcio e vontade de encontrar seus filhos. A publicação também afirmava que ele queria reencontrar seu cachorro e que tinha descoberto a paixão pelo esporte recentemente. A história ficou no ar por quase três dias antes de o autor da postagem se retratar, afirmando que se tratava de uma sátira.

A verdade é que Dikec é um ex-policial que participou de todos os Jogos Olímpicos desde Pequim-2008, mas somente em Paris-2024 conquistou sua primeira medalha. Ele ficou em 13º no evento individual. Dikec é o medalhista turco mais velho, com 51 anos e 212 dias. Ele foi campeão mundial duas vezes.

“Eu nunca precisei de equipamento. Eu sou um natural. Um atirador natural”, acrescentou ele à imprensa turca. “É por isso que eu não uso muitos acessórios. Minha técnica de tiro é uma das raras técnicas de tiro no mundo. Eu atiro com os dois olhos abertos. Até os árbitros ficam surpresos com isso.”

Apesar das grandes expectativas sobre o futuro, Dikec mantém a humildade.

“Yusuf Dikec é apenas um nome e um símbolo. Estou muito feliz por ser mencionado como um atleta turco, e não como Yusuf Dikec”, garantiu.

JOSUÉ SEIXAS / Folhapress

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