SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Inflação tem nova queda na Argentina, Nestlé reforça investimentos no Brasil para diminuir emissão de carbono e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (15).
**ALÍVIO PARA OS ARGENTINOS**
A inflação na Argentina desacelerou para 4% em julho, a taxa mais baixa dos últimos dois anos e meio, segundo o órgão de estatísticas Indec. Em junho, o índice havia sido de 4,6%.
No acumulado de 12 meses, a inflação caiu de 271% para 263%, ainda um dos números mais altos do mundo.
Para comparação, a taxa acumulada no Brasil até este mês está em 4,50%.
ALÍVIO
Os preços no país vêm desacelerando desde o final de 2023, quando a inflação atingiu 25,5% em dezembro.
O recorde foi impulsionado por uma das primeiras medidas do presidente Javier Milei, que desvalorizou a moeda oficial em relação ao dólar, aproximando-a do valor do mercado paralelo.
SIM, MAS…
A queda dos preços ocorre após um forte corte de gastos, incluindo demissões de servidores, paralisação de obras e congelamento de repasses para educação e saúde.
O consumo das famílias despencou, e o país enfrenta uma crise, garantindo essa inflação mais baixa.
A tradicional carne vermelha, por exemplo, tornou-se menos frequente nas refeições.
Por um lado As políticas elevaram a pobreza e o desemprego, gerando protestos e críticas de movimentos sociais.
Por outro Foram elogiadas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e auxiliaram a Argentina a ter um primeiro semestre com contas no azul, primeira vez desde 2008.
Esse equilíbrio nas contas é essencial para reduzir a inflação, estabilizar o dólar e atrair investidores.
Analistas apontam que a população se mostrou disposta a dar uma chance às ideias de Milei nos últimos meses, o que manteve uma estabilidade política.
NOVA DOR DE CABEÇA
Com o alívio nos preços, a inflação deixou de ser a principal preocupação dos argentinos.
Para 37% dos argentinos, o desemprego é o maior problema. A inflação ocupa o segundo lugar, com 29%, seguida pela corrupção, com 22%.
MONTANHA-RUSSA
O FMI prevê uma recessão de 3,5% na economia em 2024 devido ao corte de gastos de Milei. No entanto, a recuperação vem rápido, com uma alta de 5% no PIB de 2025.
Enquanto o país começa a sentir os efeitos de uma inflação mais baixa mês a mês, Javier Milei focou as últimas semanas na agenda internacional.
Ele esteve no Brasil para se encontrar com o ex-presidente Jair Bolsonaro, sem considerar uma visita à Lula, visitou Emmanuel Macron durante as Olimpíadas de Paris e liderou as críticas de alguns países vizinhos às eleições na Venezuela.
A Argentina teve seus diplomatas expulsos por Nicolás Maduro, e o Brasil assumiu as instalações da embaixada.
**OS PRIMEIROS NÚMEROS DA AZZAS**
A Azzas, empresa de moda resultante da união entre Arezzo e Soma, divulgou nesta semana seu primeiro balanço desde a fusão que criou a maior casa de marcas de moda da América Latina.
O faturamento no trimestre foi de R$ 1,35 bilhão, alta de 20%.
O lucro disparou 27%, batendo R$ 128 milhões.
A comparação foi obtida a partir de uma estimativa da própria companhia de quanto teria sido a receita e o lucro conjuntos no segundo trimestre de 2023.
RELEMBRE
O grupo Arezzo&Co era dono da Anacapri, Arezzo, Reserva, entre outras. Já o grupo Soma, fundado no Rio de Janeiro, reunia Farm, Foxton, Animale, Fábula, Hering. As empresas decidiram apostar numa fusão ainda em 2023, visando impulsionar as marcas e ganhar mercado.
A Azzas reúne ao todo 34 nomes.
REPERCUSSÃO
Segundo o relatório do banco Goldman Sachs, os resultados foram alinhados com as expectativas, com destaque para o e-commerce. O banco alertou para o aumento das despesas resultado da abertura de lojas.
Nos últimos cinco pregões na Bolsa, a ação sobe 9,7%.
BILHÕES
Com tamanhos parecidos, Arezzo e Soma tinham uma receita anual somada de R$ 12 bilhões, que agora é o ponto de partida da Azzas.
Ganhos de sinergia devem impulsionar o crescimento do faturamento em mais R$ 4,5 bilhões.
Um exemplo é a inclusão de calçados Arezzo em lojas da Farm.
OS NOMES
O grupo é liderado por Alexandre Birman, com Pedro Parente na presidência do conselho.
Roberto Jatahy, ex-presidente da Soma, lidera a unidade feminina, enquanto Rony Meisler está à frente da AR&Co, com Reserva e Oficina. Thiago Hering continua como CEO da Hering.
**CAFÉ VERDE**
O café brasileiro está ajudando a Nestlé a ficar mais verde e reduzir suas emissões de poluentes. Ela é dona de marcas gigantes, como Nescafé, Nespresso e da linha de produtos embalados da Starbucks.
A empresa se comprometeu a reduzir em 50% a emissão de carbono até 2030.
Para isso, deve garantir que todo o café e cacau usados tenham certificação ambiental já em 2025, e que 20% sejam de agricultura regenerativa.
ENTENDA
Boa parte das emissões atribuídas à Nestlé (65%) estão nos processos de agricultura e pecuária dos fornecedores, como a criação de vacas-leiteiras, plantações de cacau, café e cana-de-açúcar.
Foram 92 milhões de toneladas de CO2 (dióxido de carbono) em 2018.
BRASIL SAI NA FRENTE
A tradição do cultivo de café foi um dos fatores, assim como a oferta de energia sustentável e a agenda ambiental, que levaram a multinacional de alimentos a trazer investimentos ao país.
O Brasil é maior produtor do mundo, dono de 40% da safra.
AJUDINHA NA CIÊNCIA
Uma nova variedade de café, batizada de Star 4, foi criada pela Nestlé em um processo de melhoramento genético em parceria com a Fundação Procafé. Ela surgiu a partir das plantas Typica e Catimor.
O cultivo reduz a emissão de gases em até 41%, segundo cálculos da companhia. Ela já é plantada na região de Franca (SP).
A exportação desses grãos diferenciados têm crescido. Entre eles, os chamados “premium” e os com certificação de práticas ambientais.
MAIS VERDE
Reduzir as emissões na agricultura cafeeira envolve, por exemplo:
– Cultivo em meio às árvores (numa técnica conhecida como agrofloresta), principalmente recuperando áreas desmatadas;
– Uso de biodefensivos, água de reúso e fertilizantes naturais;
– Redução de combustíveis na torra do grão.
CAFEZINHO MAIS CARO
Problemas na produção do segundo maior produtor mundial, o Vietnã, diminuíram a oferta do café no mundo e pressionaram os preços. Para piorar, a safra brasileira também dá indícios de que será menor.
A saca de 60 kg custava cerca de R$ 1.400 nesta quarta-feira (14) no mercado.
Bom para o exportador, ruim para o consumidor. Grãos e dólar mais caros fazem com que o produtor prefira exportar, o que diminui a demanda e pressiona o preço aqui nos supermercados.
O café em pó teve alta de 12% no primeiro semestre em São Paulo, de acordo com a instituição Fipe.
**STARTUP DA SEMANA: AETOS TECH**
Fundada em 2020 no Rio de Janeiro, é uma empresa especializada em detecção de fraudes e crimes financeiros a partir da análise de grandes volumes de dados.
EM NÚMEROS
Ganhou financiamento de R$ 3,1 milhões do governo federal para prestar soluções à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão que fiscaliza parte do mercado de investimentos no Brasil.
QUEM INVESTIU
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
QUE PROBLEMA RESOLVE
Usa inteligência artificial para automatizar investigações em documentos a partir de atividades suspeitas. Diminui assim o risco de que alguma fraude escape aos olhos das empresas e órgãos públicos.
POR QUE IMPORTA
A CVM escolheu a startup entre 11 que concorreram a um edital lançado no início do ano. A Aetos Tech desenvolverá uma tecnologia exclusiva para o órgão monitorar a relação entre pessoas físicas e instituições.
Um tipo de fraude comum no mercado financeiro, e monitorada de perto pela CVM, é o insider trading no mercado de ações. É quando um investidor tem acesso de antemão a informações internas de uma empresa e lucra com isso na Bolsa.
A ferramenta deverá apontar vínculos que não estão explícitos e que escapam das investigações tradicionais.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
GOVERNO LULA
Lula diz que redução da taxa de juros é uma ‘briga eterna’. Presidente também afirma que Mercosul fez sua parte para acordo e que a ‘União Europeia que se vire com a França’.
VIDA PÚBLICA
Novo Enem dos Concursos deve ser lançado até março de 2025, diz ministra. Esther Dweck prevê preenchimento de 7.000 vagas com novas seleções e chamada de excedentes.
VICTOR SENA / Folhapress