CASCAVEL, PR (FOLHAPRESS) – A cidade de Cascavel, no oeste paranaense, recebeu na tarde desta sexta-feira (16) mais 12 corpos de vítimas do acidente aéreo da empresa Voepass. Com 28 das 62 vítimas, a região foi a mais afetada pela tragédia e vive luto coletivo há uma semana.
No voo da FAB (Força Aérea Brasileira) que partiu da base aérea em São Paulo foram transportadas as urnas funerárias do estudante de direito Lucas Camargo e sua mãe, Adrielle Costa, de dois professores da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), Deonir Secco e Raquel Moreira, e dos médicos Sarah Sella Langer, Mariana Belim e José Leonel Ferreira.
O corpo do ex-militar que ia para Angola, onde trabalhava como gestor de operação do Parque Nacional do Iona, Miguel Arcanjo Rodrigues Júnior, também foi entregue aos familiares nesta sexta.
Os corpos de Mauro Bedin, funcionário da Companhia de Saneamento do Paraná em Guaíra, e da namorada, Rosângela Maria de Oliveira, também chegaram a Cascavel nesta sexta.
As urnas do casal Gracinda Silva e Nelvio José Hubner, subprocurador-geral de Toledo, também estavam no voo da FAB e foram levadas para a cidade em que moravam.
Outras oito vítimas da região foram enterradas desde a última terça-feira (12), quando chegaram os primeiros corpos, do casal Antonio e Kharine Zini.
MÃE E FILHO IRIAM A APARECIDA AGRADECER APROVAÇÃO NA OAB
Estudante do último ano de direito, Lucas Felipe Costa Camargo, 21, estava no voo com a mãe. Eles tinham como destino a cidade de Aparecida, no interior de São Paulo, para agradecer a aprovação de Lucas na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Descrito por amigos e colegas de trabalho como uma pessoa extrovertida e divertida, o estudante se preparava para a festa de formatura no fim do ano e já tinha até escolhido o figurino.
Ele pretendia se tornar juiz na carreira jurídica e trabalhava como estagiário no Fórum de Cascavel.
RESIDENTE DE ONCOLOGIA SERIA CONTRATADA NO HOSPITAL
Prestes a completar o último ano de residência clínica em oncologia no Hospital do Câncer de Cascavel, Mariana Comiran Belim já tinha emprego garantido. “Ela era muito especial, nossa vontade era contratá-la ano que vem”, diz Lucian Lucchesi, coordenador de residência clínica no hospital.
Ela viajou com a colega de residência Arianne Risso para um evento de oncologia na saúde pública do qual participariam em Curitiba.
Os convites chegaram ao coordenador de residência do hospital, que escolheu as duas para representar a instituição. “Era uma oportunidade profissional incrível. Nem titubearam”, diz Lucchesi.
Outra residente foi escolhida para acompanhar Mariana na viagem, mas ela desistiu de última hora e o lugar foi cedido a Arianne. Muito abalada, a residente não quis falar com a reportagem.
PROFESSOR UNIVERSITÁRIO VIAJARIA PARA O LESTE EUROPEU
Docente do curso de engenharia agrícola do campus de Cascavel da Unioeste, Deonir Secco, 59, se preparava para se aposentar no ano que vem após uma vida dedicada à academia e aos estudos do uso do solo para manejos agrícolas sustentáveis.
Ele aproveitou licenças acumuladas para embarcar na última sexta-feira rumo ao leste europeu, para países que desejava conhecer há tempos, segundo seu sogro, Tertuliano de Maris.
Pai de dois filhos adultos, Secco estava casado havia 14 anos com a professora universitária Araceli Marins, com quem teve um filho há 4 anos. Ela não o acompanhou na viagem porque tinha que dar aulas.
MARIANA ZYLBERKAN / Folhapress