‘O que seria do teatro sem o antagonista?’, diz viúvo de Zé Celso sobre briga histórica de Silvio com o diretor

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ator e diretor Marcelo Drummond, viúvo do fundador do Teatro Oficina, José Celso Martinez Corrêa, diz que respeita e entende a dor da família de Silvio Santos e das pessoas que o amavam. “Eu sei o que é o luto, sei o que é perder alguém”, afirma ele à reportagem.

Drummond diz, porém, que seguirá lutando para que o parque do Rio Bixiga leve o nome de Zé Celso. Há uma disputa na Câmara Municipal de São Paulo em torno do tema. Enquanto o vereador Xexéu Tripoli (União Brasil) propôs nomear o local em homenagem ao diretor e fundador do Teatro Oficina, os vereadores Rubinho Nunes (União Brasil) e João Jorge (MDB) queriam que o parque levasse o nome Abravanel, sobrenome de Silvio Santos.

“Mas o Silvio Santos merece um parque muito maior. Um parque de diversão para crianças. Você vê que na televisão dele está passando desenho. Todas as outras televisões estavam passando sobre a morte dele, e a dele estava passando desenho”, diz, em referência ao fato de que o SBT levou um tempo maior que outras emissoras para abordar a morte do seu fundador.

Silvio Santos e Zé Celso travaram por mais de 40 anos uma briga por uma área vizinha ao Teatro Oficina, de propriedade do apresentador. Enquanto o artista reivindicava que o espaço abrigasse um espaço verde, o dono do SBT desejava construir ali um conjunto residencial de três torres de cem metros cada.

Em julho deste ano, a Câmara aprovou a criação do Parque do Rio Bixiga. A iniciativa será possível porque a Prefeitura de São Paulo pagou ao Grupo Silvio Santos R$ 64,3 milhões pela área de 11 mil metros quadrados. A verba é proveniente de um acordo judicial com a Uninove, firmado por intermédio do Ministério Público de São Paulo (MP-SP).

Na próxima segunda (19), representantes do MP-SP e da Secretaria Municipal de Verde e do Meio Ambiente vão se reunir para começar a discutir a implementação do parque.

“O que eu sugiro é que façam um parque tipo Disney para o Silvio, e deixem o do Bixiga com o nome do Zé, porque ele merece, ele lutou muito por isso”, afirma o viúvo.

Zé Celso morreu em julho do ano passado após ter grande parte do corpo queimada em um incêndio.

Um mês antes, ele tinha oficializado a união de 36 anos com Marcelo Drummond. A briga entre Zé Celso e Silvio é, inclusive, anterior ao relacionamento do ator com o diretor.

“A proximidade maior que eu tive com o Silvio foi quando eu cheguei no Oficina. E levei um bocado de tempo para entender [a briga]”, relata. “Em várias peças, o Zé colocou o Silvio como antagonista. Mas eu tenho um bom respeito pelo antagonista. O que seria do teatro sem o antagonista?”, diz.

KARINA MATIAS / Folhapress

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