SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Voepass concluiu neste sábado (17) a retirada dos destroços do avião ATR 72-500 que caiu em um condomínio de casas em Vinhedo (SP), no último dia 9, matando as 62 pessoas que estavam a bordo.
Os destroços foram levados pela companhia aérea para a sede da empresa em Ribeirão Preto, também no interior de São Paulo.
Os motores aeronave foram recolhidos no último domingo (11) pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da FAB (Força Aérea Brasileira), e levados ao Seripa IV (Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), na zona norte da cidade de São Paulo.
A companhia aérea disse neste domingo (18) que todas as bagagens também já foram recolhidas e que estão em processo de limpeza e separação, também em Ribeirão Preto.
Os demais pertences estão sendo retirados do quintal da casa onde o avião caiu, afirma a Voepass.
A empresa disse que se responsabilizará pelos prejuízos do morador da casa atingida pelo acidente –o imóvel, que teve danos no telhado e em um muro, chegou a ficar interditado.
O Cenipa afirmou ter extraído o conteúdo das caixas pretas de dados e voz do avião. Um relatório preliminar deverá ser divulgado em até 30 dias após a queda.
Como mostrou a Folha, investigações de acidentes aéreos como o de Vinhedo costumam levar anos até que sejam concluídas e até que alguma responsabilidade seja apontada. Os inquéritos podem se alongar mesmo quando as caixas-pretas são recuperadas intactas e é possível extrair 100% da informação, como ocorreu neste caso.
O motivo é a alta complexidade desse tipo de investigação. É preciso determinar quais foram os fatores humanos, operacionais –que vão do comportamento da tripulação à meteorologia– e da própria aeronave que contribuíram para um acidente.
Ao menos três investigações paralelas serão realizadas. A primeira delas é conduzida pelo Cenipa e tem a finalidade de prevenir futuros acidentes. Os fatores que contribuíram para a queda do avião são investigados para, mais tarde, determinar mudanças no treinamento ou nos próprios equipamentos do avião que possam prevenir acidentes similares.
Outros inquéritos, estes de caráter criminal, estão sendo conduzidos pela Polícia Federal e pela Polícia Civil de Vinhedo.
As investigações são feitas de forma paralela, mas o Cenipa pode e deve comunicar à polícia sempre que encontrar informações de interesse criminal. Os agentes da PF, por exemplo, têm acesso a algumas das mesmas provas colhidas pela Aeronáutica e devem determinar se houve algum tipo de negligência, imprudência ou imperícia que contribuiu para as mortes.
Em Vinhedo, por exemplo, boa parte da perícia técnica foi feita pelo IC (Instituto de Criminalística), com apoio do IML (Instituto Médico-Legal). “O IC fez uma varredura detalhada, utilizando imagens aéreas com drone, scanner 3D e fotografias digitais para preservar as evidências”, informou a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos).
FÁBIO PESCARINI / Folhapress