CHICAGO, EUA (FOLHAPRESS) – A convenção nacional do Partido Democrata começa nesta segunda-feira (19) em Chicago com uma tentativa de reconciliação. Após pressionar o presidente Joe Biden a desistir da reeleição, a legenda dedica a ele a primeira noite do evento.
O octogenário deve falar por volta das 22h (meia-noite de Brasília), encerrando a noite. Em seu discurso, ele deve fazer tanto uma defesa de seu governo, quanto reforçar seu apoio à vice-presidente Kamala Harris, que o substituiu na chapa do partido.
“Acho que é importante para Biden responder às velhas questões [de eleitores]: o que você fez por mim? Por que eu devo me importar com ir votar?”, afirmou o senador Cedric Richmond na manhã desta segunda.
“Biden e Kamala herdaram uma das piores situações do país em termos de saúde, economia e democracia. Nesta noite, vamos refletir sobre quanto progresso Biden e Kamala fizeram”, disse na mesma linha o senador Chris Coons. “Biden aprovou as legislações mais importantes que vi em toda minha vida. Vamos começar a convenção celebrando tudo o que ele fez dentro e fora dos EUA.”
Embora tenha cedido à pressão e desistido da corrida após a desastrosa performance no debate contra Donald Trump em junho, Biden teria ficado magoado com os caciques do partido que orquestraram o movimento pela sua saída do pleito. Estão nesse grupo a ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi e o ex-presidente Barack Obama.
Na tentativa de projetar uma imagem de união, o partido tem descrito o gesto de Biden como um sacrifício heroico de alguém que se importa mais com o país do que com a própria carreira. A primeira manifestação pública de Kamala como candidata foi um longo elogio ao octogenário.
Além de Biden, a programação desta noite inclui Hillary Clinton. Candidata à Presidência derrotada por Donald Trump em 2016, a democrata deve dar ênfase à candidatura histórica de Kamala como a segunda mulher a disputar o cargo, e a primeira não branca.
Falam ainda nesta noite a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, uma liderança da ala mais à esquerda do partido, e Shawn Fain, presidente da United Auto Workers (UAW), o sindicato que representa a poderosa categoria dos trabalhadores do setor automobilístico nos EUA.
Biden, no entanto, também estará no foco desta segunda por um outro motivo, menos celebratório para o partido: seu apoio a Israel. Milhares de manifestantes são esperados em uma marcha em Chicago no início da tarde.
Os protestos miram o apoio dado pelo presidente a Israel após os ataques de 7 de outubro, culpando-o por compactuar o que chamam de genocídio de palestinos na Faixa de Gaza.
Democratas temem que a situação escale para algo semelhante ao vivido em 1968, durante a convenção do partido também em Chicago. Na época, houve choques entre manifestantes contrários à guerra do Vietnã e a polícia.
FERNANDA PERRIN / Folhapress