Saiba como melhorar a flacidez após perder peso

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Emagrecer de forma saudável, com alimentação adequada e exercícios físicos, é uma indicação médica para que pessoas com obesidade evitem problemas associados à condição, como diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares.

A perda de peso, no entanto, pode gerar flacidez e excesso de pele –características que, embora não causem danos à saúde, podem incomodar esteticamente e até dificultar questões práticas, como encontrar uma roupa em que se sinta bem.

Fatores como idade e quantidade de quilos perdida interferem no agravamento da flacidez, mas não são os únicos, ressalta a endocrinologista Cynthia Valério, diretora da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica) e diretora do departamento de dislipidemia e aterosclerose da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).

“Os componentes que vão determinar a flacidez são múltiplos. Também influenciam nesse quadro a predisposição genética, a etnia, o estado hormonal e o estilo de vida, especialmente como a pessoa se alimenta e se pratica exercícios físicos”, diz.

Especialistas ouvidos pela reportagem explicam como melhorar o tônus da pele e dos músculos durante e após o processo de emagrecimento.

EXERCÍCIOS FÍSICOS E INGESTÃO DE PROTEÍNAS

A prática de atividade física e a alimentação adequada são a chave para evitar não somente a flacidez, mas também o reganho de peso e o famoso efeito sanfona –aquele eterno emagrece-engorda-emagrece que gera ainda mais flacidez.

A endocrinologista Cynthia Valério reforça que não basta fazer apenas exercício aeróbico, importante para aumentar a capacidade cardiorrespiratória e o condicionamento físico, mas é preciso investir na musculação.

O treinamento de força previne a sarcopenia, que é a perda da massa muscular e da força, condição agravada com o sedentarismo e o envelhecimento.

Valério também destaca a importância da ingestão correta de proteínas, de acordo com idade, sexo e função renal, que é o substrato que vai sustentar músculos e pele.

Pessoas que fazem tratamento para obesidade que interferem no apetite (como as canetas emagrecedoras Ozempic e Saxenda) e na quantidade de alimento ingerida (como a cirurgia bariátrica) precisam ter atenção especial com a dieta para não ficarem desnutridas e emagrecerem de forma não saudável.

“O paciente que se preocupa apenas em perder peso sem se alimentar direito, sem ingerir a quantidade necessária de proteínas, sem se hidratar e sem praticar exercícios, vai perder massa muscular junto. É esse paciente que vai ter um reganho de peso, entrar no efeito sanfona e ter mais flacidez”, diz a médica.

BIOESTIMULADORES DE COLÁGENO E ÁCIDO HIALURÔNICO

Ao emagrecer, e também conforme envelhecemos, perdemos gordura no rosto. Quando o emagrecimento é muito grande, especialmente em pacientes a partir dos 30 anos que já notam a perda colágeno na pele, a face pode ganhar um aspecto de derretimento.

Esse fenômeno ficou conhecido recentemente como “Ozempic face”. O termo, associado a pessoas que perdem muito peso com o medicamento e ficam com o rosto magro e flácido, é desencorajado pela endocrinologista Cynthia Valério.

“Isso pode ocorrer com qualquer pessoa que emagrece muito, não é exclusivo do uso do medicamento. É um estigma que deve ser evitado, pois alguns pacientes que têm indicação não querem usar o remédio como medo desse efeito”, observa.

O cirurgião plástico Fábio Saito, membro titular da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) e diretor de educação médica da Galderma, explica que o problema pode ser tratado com bioestimuladores de colágeno e ácido hialurônico.

“Os bioestimuladores, como o Sculptra, estimulam a produção de colágeno e melhoram a flacidez da pele. Já o ácido hialurônico consegue repor o volume perdido”, diz.

Saito afirma que a têmpora, que costuma ficar com um aspecto de afundamento quando emagrecemos ou envelhecemos, é uma das regiões do rosto que podem se beneficiar com o preenchimento de ácido hialurônico.

“De acordo com a densidade do produto que escolhemos, conseguimos dar sustentação e volume a várias áreas, como maçãs do rosto, mandíbula, queixo, lábios. A associação de ácido hialurônico com bioestimulador de colágeno consegue tratar de forma muito eficaz a aparência de derretimento da face.”

Os bioestimuladores de colágeno também podem ser aplicados para melhorar o tônus da pele na parte interna dos braços, das coxas, na barriga, no colo e no pescoço.

ULTRASSOM MICROFOCADO, LASER E RADIOFREQUÊNCIA MICROAGULHADA

As tecnologias, principalmente quando associadas a bioestimuladores de colágeno, apresentam bons resultados para flacidez leve e moderada.

A dermatologista Elisete Crocco, coordenadora do Departamento de Cosmiatria da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), afirma que o ultrassom microfocado é uma das principais escolhas para tratar o problema por sua capacidade de atingir diferentes camadas: a pele, a fáscia muscular (tecido que conecta músculos, ossos e tendões) e a gordura.

“Dependendo da ponteira e da frequência utilizadas, é possível fazer pequenas linhas de cauterização e retração nessas camadas”, diz. A máquina promove melhora a flacidez, promove um efeito lifting e ajuda a reduzir a gordura.

É possível ver resultados na primeira sessão, que pode ser repetida a cada 30 dias, dependendo da necessidade do paciente. Além do rosto e pescoço, pode ser aplicado na parte interna de braços e coxas, na barriga e acima dos joelhos.

Outras opções são os lasers fracionados de CO2 e Erbium. “O laser de CO2 chega à derme média e à profunda, causando descamação e renovação, além de retração.”

Assim como as outras tecnologias, é preciso utilizar antes um anestésico tópico. Não é indicado para peles escuras, pois pode provocar manchas e, devido à formação de crostas, a pessoa pode precisar se afastar das atividades diárias por até dez dias. É necessário utilizar cremes para acalmar a pele e filtro solar de acordo com a indicação médica. Também pode ser utilizado e várias partes do corpo.

Uma alternativa ao CO2 é o laser Erbium fracionado, que tem a mesma função, mas não atinge camadas tão profundas, gera menor descamação e pode ser utilizado por pessoas com tons de pele mais escuros sem risco de provocar manchas. O tempo de recuperação também é menor.

Crocco diz que a radiofrequência microagulhada robótica também é capaz de melhorar a flacidez e o enrugamento da pele. “É um aparelho com microagulhas que penetram na pele e liberam aquecimento nas pontas. O médico consegue controlar a profundidade do disparo para tratar áreas mais finas ou espessas.”

A quantidade de sessões depende da necessidade de cada paciente, mas é possível ver melhorias na primeira aplicação. Pode ser usada em diferentes regiões do rosto e do corpo.

CIRURGIA PLÁSTICA E LIPOASPIRAÇÃO

Quando o grau de flacidez é muito grande e há excesso de pele, é preciso recorrer à cirurgia plástica.

O cirurgião plástico Fábio Saito explica que pode ser feita apenas a retirada do tecido que está sobrando ou também uma lipoaspiração para melhorar o contorno corporal.

“Para aqueles que fizeram bariátrica, é importante que já estejam no seu peso ideal e esperar pelo menos seis meses após a operação. O segundo ponto é o estado nutricional do paciente, que deve ser acompanhado por meio de exames para saber se não há anemia ou perda muito grande de proteínas”, diz.

Quem faz uso de medicamentos como semaglutida e liraglutida deve avisar o cirurgião plástico, pois as substâncias retardam a digestão e exigem um jejum mais prolongado e uma intubação mais cautelosa, alerta o médico.

Independentemente da forma como a pessoa emagreceu, a cirurgia exige exames pré-operatórios e tempo de repouso, de acordo com recomendações médicas.

SÍLVIA HAIDAR / Folhapress

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