Campos Neto diz esperar que seu sucessor não seja julgado pela camisa que veste

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça (20) esperar que seu sucessor “não seja julgado pela camisa que veste, ou se foi para festa de um ou de outro. Que seja julgado por decisão técnica que tomou”. Campos Neto participou do Macro Day, evento organizado pelo Banco BTG Pactual.

Alvo de diversos ataques de Lula (PT), que o culpou pela manutenção da taxa de juros em um patamar acima do necessário, Campos Neto votou para presidente em 2022 utilizando a camisa do Brasil em apoio a Bolsonaro e participou de um jantar de homenagem a ele organizado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, neste ano, o que incomodou o atual governo.

Segundo Campos Neto, a autoridade monetária vai subir juros se for preciso, independentemente de ele estar ou não no comando da autarquia. “A equipe está comprometida em levar a inflação para o centro da meta”, acrescentou.

“Nunca vi espírito de equipe tão bom quanto nas últimas reuniões. Parte do prêmio [de risco] ter caído foi passar que existe essa organização e que o BC vai sempre perseguir a meta”, apontou o presidente.

“O que temos tentado fazer é passar a mesma mensagem que tentamos passar na última reunião do Copom, no comunicado e na ata. Se precisar subir juros, vai subir juros”, continuou.

Campos Neto também disse estar focado na transição do comando do Banco Central. Seu mandato se encerra no fim deste ano e a expectativa é que o presidente Lula diga ainda neste mês quem escolherá para sucedê-lo.

O nome mais cotado é o do atual diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, que foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda antes de ser indicado para o posto no Banco Central.

Será a primeira indicação do petista para o comando da autoridade desde que ele se tornou independente, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Campos Neto disse ainda que, ao sair do BC, quer trabalhar na esfera privada na intersecção entre finanças e tecnologia.

LUCAS MARCHESINI / Folhapress

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