SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após declarar apoio ao candidato Pablo Marçal (PRTB) à prefeitura de São Paulo, o produtor Henrique Bastos Viana, conhecido como Rato da Love Funk, está sendo rechaçado por artistas e fãs.
A Love Funk, uma das maiores agências do gênero no Brasil, tem entre seus talentos nomes como MC Ryan, MC Paulin da Capital, MC Gabb, e já produziu feats com MC Daniel e Djonga, por exemplo. Na última quarta-feira (14), Rato recebeu o candidato de extrema-direita nos estúdios da Love Funk, na zona leste. A atitude revoltou fãs e artistas, que apontaram incoerência por parte do produtor.
Djonga, que já fez feat com artistas da produtora, condenou a atitude. “Tem político fingindo que gosta de funk, tem político fingindo que gosta de rap, tem até político fingindo que é da política e é bizarro pensar que nossa galera do funk e do rap está simplesmente apoiando esses caras”, escreveu no Instagram. “O vexame está aí, passa quem quer.”
Em comentário na página de Junior Freitas, candidato a vereador pelo PSOL, Mano Brown também lamentou a ligação, sem citar nomes. “Eu falei para vocês que os bagulhos estavam mudando e que nós tínhamos que antecipar os caras. E que os nossos iam tomar decisões contrárias às nossas, muitas das vezes”, escreveu.
Filipe Ret também se manifestou no X: “Lamentável ver o rap/funk (música incontestavelmente marginalizada) apoiando posições políticas decadentes”, escreveu o músico.
MC Hariel, que também já gravou com a Love Funk, lamentou o apoio de Rato a Marçal. “É o lobo falando para os carneiros que vai virar vegetariano depois que se eleger. Sou funkeiro com orgulho. Amo esse movimento que mudou a minha vida, mas não compactuo e fico triste em ver esse tipo de pessoa tendo abertura tão fácil no nosso movimento”, disse Hariel.
Fãs se revoltam
Não só os artistas, mas fãs e seguidores da Love Funk nas redes sociais se indignaram com o apoio ao candidato. “Os caras vêm da favela mas querem que ela continue como está, por isso apoiam políticos de extrema-direita que odeiam pobre e odeiam o funk. Deplorável ser tão pequeno assim”, criticou o internauta Eric Balbinus na página do produtor.
Outro fã, Gabriel Teodoro, comentou: “A direita sempre desprezou o funk como escória da sociedade, aí agora vem uma produtora de funk e apoia a direita? As letras de funk sempre criticou a opressão policial nas favelas e vocês apoiando quem é a favor dos atos dos mesmo [sic]. Gente do movimento funk apoiar a direita é a mesma coisa do vira lata ser a favor da carrocinha”, criticou.
‘Drive mental de vagabundo’
Um vídeo de Marçal dizendo que funk é “lixo” e música de “estuprador e vagabundo” voltou a circular nas redes. “As músicas antigas eram poesia. Agora, são ‘drives mentais’ para psicopatas, assassinos. Esses caras destruíram a música, a arte, a religião, a família. E vocês caem como patos. Admiram obras lixo. Esse povo é doente, acabaram com as músicas. Instala ‘drive mental’ de corno, de preguiçoso, de estuprador, de vagabundo”, disse. “Você vai virando vagabundo sem ver.”
Após as críticas, Rato se pronunciou no Instagram: “A Love Funk já mudou a vida de um monte de artista. Já empresariei artista que veio do zero. Nossa pegada é pegar gente que veio do zero e dar oportunidade. Acorda cedo e vai trabalhar em vez de ficar pensando na minha vida”, respondeu.
ANAHI MARTINHO / Folhapress