SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Israel recuperou os corpos de seis reféns que estavam perto de Khan Yunis, no sul Faixa de Gaza, de acordo com declarações do Exército e do gabinete do primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, nesta terça-feira (20).
As famílias de Yagev Buchshtab, Alexander Dancyg, Avraham Munder, Yoram Metzger, Nadav Popplewell e Chaim Perry foram avisadas, anunciaram os militares.
O Fórum das Famílias dos Reféns, uma organização que representa a maioria dos parentes das vítimas, reforçou o apelo ao governo para concluir um acordo de libertação de reféns com o grupo terrorista palestino Hamas.
“O retorno imediato dos reféns restantes só pode ser alcançado através de um acordo negociado. O governo israelense, com a assistência de mediadores, deve fazer tudo ao seu alcance para finalizar o acordo atualmente em negociação”, afirmou.
O kibutz de Nir Oz, perto de Gaza, lamentou a morte de seu morador Avraham Munder. “Nir Oz anuncia com grande tristeza a morte de Avraham Munder, aos 79 anos, em cativeiro após meses de tortura física e mental.”
Munder foi sequestrado com sua esposa, filha e neto, mas os demais membros de sua família foram libertados durante uma trégua de uma semana em novembro. O filho dele morreu no dia do ataque do Hamas.
Enquanto isso, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, está no Oriente Médio tentando concluir um novo cessar-fogo e um acordo para libertar reféns -segundo levantamento da agência de notícias AFP, 71 estariam vivos e mantidos em cativeiro na Faixa de Gaza. O americano desembarcou nesta terça no Egito, onde prossegue com as negociações.
Durante reunião com o chefe da diplomacia americana, o ditador egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, cobrou um cessar-fogo o quanto antes e falou no risco de “uma expansão regional do conflito com consequências difíceis de imaginar”. O Egito é um dos mediadores do conflito, junto com os EUA e o Qatar.
“Chegou a hora de acabar com a guerra, recorrer à sabedoria e defender a linguagem da paz e da diplomacia”, disse Sisi segundo comunicado divulgado após o encontro com Blinken.
O americano, por sua vez, disse que um acordo “tem de ser fechado” nos próximos dias. Na véspera, ele já havia dito que o esforço diplomático atual de Washington para implementar um cessar-fogo talvez seja a última oportunidade para estabelecer uma trégua no conflito que se estende há mais de dez meses.
Em paralelo, o Hamas criticou as declarações feitas pelo presidente dos EUA, Joe Biden, de que a facção estava se afastando das negociações por um cessar-fogo em Gaza. “Essas declarações enganosas não refletem a verdadeira posição do movimento, que deseja alcançar um acordo”, disse a facção.
Mas os impasses continuam. Segundo pessoas que participam das conversas, ainda há divergências sobre a presença militar de Israel em Gaza -especialmente na área próxima da fronteira com o Egito-, a circulação de palestinos no território e o número de prisioneiros que poderiam ser libertados em uma eventual troca.
Depois do encontro com o ditador egípcio, Blinken viajou a Doha, onde deverá se reunir com o ministro de Estado do Qatar, Mohammed bin Abdulaziz al-Khulaifi. Um encontro com o líder do país, o xeque Tamim bin Hamad al-Thani, estava inicialmente nos planos, mas precisou ser cancelado sob a justificativa de que o emir não estava se sentindo bem, de acordo com autoridades americanas mencionadas pela Reuters.
Apesar dos impasses que persistem, Blinken classificou as reuniões da véspera de “muito construtivas”. Segundo ele, os encontros mostraram que Israel está disposto a aceitar a proposta de trégua apresentada por Washington. “Agora cabe ao Hamas fazer o mesmo”, disse ele na ocasião.
Os representantes da facção, porém, acusaram Netanyahu de “frustrar os esforços dos mediadores” e disseram que as autoridades americanas estavam “pintando um quadro excessivamente positivo”.
A guerra em Gaza começou em 7 de outubro de 2023, quando homens armados do Hamas invadiram comunidades israelenses, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando 251 reféns, de acordo com contagens israelenses.
A resposta israelense em Gaza já deixou 40.173 mortos e 92.857 feridos no território desde o início do conflito, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas.
Durante o conflito, as forças de Tel Aviv devastaram grandes áreas do território palestino e forçaram o deslocamento da maioria de seus 2,3 milhões de habitantes.
Redação / Folhapress