Governo de São Paulo libera consumo de moluscos em parte do litoral em meio a ‘maré vermelha’

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo de São Paulo liberou nesta segunda-feira (19) o consumo de moluscos bivalves (que têm o corpo formado por uma concha) em Itapema (Ilhabela), Cigarras (São Sebastião), Itapitangui e Porto Cubatão (os dois últimos em Cananéia).

Na semana passada, o Executivo estadual recomendou evitar o comércio e o consumo de ostras, mexilhões, vieiras e berbigões após detectar a presença de microalgas tóxicas da espécie Dinophysis acuminata no litoral norte, que causam o fenômeno conhecido como maré vermelha.

Os moluscos contaminados por essa microalga são prejudiciais à saúde. A diarreia está entre os sintomas mais comuns da intoxicação.

Algumas regiões não analisadas, porém, seguem com a restrição.

Locais onde não está liberado o consumo de moluscos bivalves:

– São Sebastião – Toque-Toque

– Caraguatatuba – Cocanha

– Ubatuba – Lagoinha

– Ubatuba – Mar Virado

– Ubatuba – Lázaro

– Ubatuba – Enseada

– Ubatuba – Barra Seca

– Ubatuba – Ilha das Couves

– Cananéia – Mandira

– Cananéia – Itapitangui

– Cananéia – Porto Cubatão

O governo criou um plano de contingência com as secretarias de Saúde, de Agricultura e Abastecimento e de Meio Ambiente -nesta, por meio da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).

Em comunicado divulgado nesta terça-feira (20), o Executivo afirmou que a liberação é em razão de resultados de amostras realizadas em fazendas marinhas na região litorânea. A secretaria informou que vai realizar análises em outras regiões de cultivo, mas não confirmou as datas.

Conforme recomendação do Plano Estadual de Monitoramento dos Moluscos Bivalves, os produtores devem colaborar com as equipes de monitoramento, mantendo a rotina de análises e garantir que apenas mariscos e ostras não contaminados cheguem ao consumido.

Para o governo paulista, as microalgas possivelmente vieram do Sul, que registra, desde junho, ocorrências de maré vermelha nos litorais de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

Leonardo Rörig, professor e pesquisador no departamento de botânica da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), que não está envolvido na análise em São Paulo, afirma que o monitoramento deve aprimorado para manter a segurança sanitária e alimentar da população. Ele destaca que os resultados de análises podem assegurar o consumo.

O especialista ressalta também que a maré vermelha é intensificada pela poluição e pelas mudanças climáticas.

“O litoral brasileiro é vergonhosamente poluído, porque nós temos uma das menores coberturas de tratamento e de canalização de esgoto e uma ausência total de um planejamento sério nas cidades costeiras. Nós acabamos entrando em contato direto com os nossos dejetos e excrementos em função da ausência de saneamento básico”, diz.

Responsável pela estruturação do sistema de monitoramento das microalgas no litoral catarinense em 1998, Rörig destaca que, além de diarreia, a toxina pode causar tumores ou câncer no sistema digestivo, paralisia e, em alguns casos, até a morte.

JORGE ABREU / Folhapress

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