Bombardeio israelense no Líbano mata comandante de braço armado do Fatah

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS0 – Um ataque aéreo israelense matou o líder do braço armado do Fatah, em Sidon, no sul do Líbano, nesta quarta-feira (21). O movimento palestino, com sede na Cisjordânia ocupada e rival do Hamas, acusou Tel Aviv de querer desencadear um conflito regional derivado da guerra na Faixa de Gaza.

Esta é a primeira vez desde o início da guerra em Gaza que Israel mata um alto dirigente do Fatah, partido liderado por Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina, que administra parcialmente a Cisjordânia, território ocupado pelo Estado judeu desde 1967.

O Exército israelense confirmou que havia atacado o comandante Khalil al Maqdah, a quem acusa -assim como a seu irmão, Munir Maqdah-, de trabalhar para o Irã, além de envolvimento em “ataques terroristas” e “tráfico de armas” para a Cisjordânia. Khalil era membro das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa.

Este assassinato é “uma prova a mais de que Israel quer desencadear uma guerra em larga escala na região”, afirmou Tufiq Tirawy, membro do Comitê Central do Fatah em Ramallah, sede da Autoridade Palestina na Cisjordânia ocupada.

O Ministério da Saúde libanês informou, por sua vez, que bombardeios israelenses deixaram pelo menos 1 morto e 19 feridos no leste do país e quatro mortos no sul.

O Hezbollah reivindicou o disparo de foguetes Katiusha contra várias posições militares no norte de Israel, cujas forças contabilizaram uma centena de projéteis direcionados contra a região e as Colinas de Golã, território sírio anexado por Israel.

O atentado coincide com o término da viagem do chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, pelo Oriente Médio (Israel, Egito e Qatar) para pressionar por uma trégua na Faixa de Gaza, onde os 2,4 milhões de habitantes estão mergulhados em uma situação humanitária catastrófica.

Nesta nona viagem desde o início do conflito, que começou em 7 de outubro de 2023 após um ataque do grupo terrorista em território israelense, o secretário de Estado não conseguiu avanços visíveis nas negociações, mas alertou que a proposta dos Estados Unidos poderia ser “a última oportunidade” para alcançar a paz.

Washington considera que um cessar-fogo ajudaria a evitar uma conflagração regional, incluindo um possível ataque contra Israel por parte do Irã e seus aliados, como o Hezbollah libanês, em retaliação pelo assassinato do líder do Hamas em 31 de julho em Teerã, imputado ao Estado judeu.

Desde o início da guerra, o Hezbollah troca tiros quase diariamente com Israel, que matou numerosos combatentes e líderes do movimento xiita.

SEM ACORDO

Blinken assegurou que o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, aceitou o plano e pediu na terça-feira ao Hamas para fazer o mesmo.

Mas, segundo veículos de imprensa israelenses, Netanyahu insiste em que Israel mantenha o controle do corredor Filadélfia, uma faixa de 14 km ao longo da fronteira entre Gaza e Egito.

Nos contatos, foi dito “muito claramente que os Estados Unidos não aceitam uma ocupação a longo prazo de Gaza por parte de Israel”, afirmou Blinken.

O Hamas disse estar “desejoso de alcançar um cessar-fogo”, mas rejeitou as “novas condições” impostas por Israel.

O grupo terrorista exige a aplicação do plano anunciado em 31 de maio pelo presidente americano, Joe Biden, que contempla uma trégua de seis semanas juntamente com uma retirada israelense das áreas densamente povoadas de Gaza e a libertação de reféns sequestrados pelo Hamas em 7 de outubro. Em uma segunda fase, prevê uma retirada total de Israel do território palestino.

Netanyahu, no entanto, reitera que vai continuar com a guerra até obter a destruição do Hamas, considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

A guerra eclodiu em outubro, quando combatentes do Hamas lançaram um ataque no qual mataram cerca de 1.200 pessoas no sul de Israel, a maioria civis, segundo balanço de dados oficiais do Estado judeu.

Eles também levaram 251 reféns, dos quais 105 continuam em Gaza, incluindo 34 que o Exército declarou como mortos.

A ofensiva israelense na Faixa de Gaza deixou pelo menos 40.223 mortos, segundo o Ministério da Saúde da Faixa, vinculado ao Hamas, que não detalha quantos são civis ou combatentes. Segundo a ONU, a maioria é de mulheres e menores de idade.

Nesta quarta-feira, três pessoas morreram em bombardeios noturnos em Gaza, segundo a Defesa Civil do território palestino.

Testemunhas reportaram bombardeios em Khan Yunis, no sul, assim como em Jabalia, no norte, e em Deir al Balah, no centro do território.

O Exército israelense afirmou que tinha atacado “cerca de 30 alvos terroristas na Faixa de Gaza” no último dia e que seus soldados “eliminaram dezenas de terroristas armados” em Rafah, no sul.

Redação / Folhapress

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