A partir de 2010, o Brasil apresentou uma queda de 35% no consumo de tabaco no País. Para se chegar a esse resultado, foram anos de movimentos antitabagistas que tiveram início na década de 1970, liderados por médicos e profissionais da área da saúde e com atuação governamental a partir dos anos 1980, com a formação do Grupo Assessor para o Controle do Tabagismo no Brasil em 1985 e, um ano depois, em 1986, com a fundação do Programa Nacional de Combate ao Fumo.
O Brasil é um dos países pioneiros a proibir o fumo em locais fechados, e também em implantar políticas públicas para o combate ao tabagismo, como o Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto, para reforçar ações nacionais e mobilizar a população para os danos causados pelo uso do tabaco.
De acordo com a médica pneumologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP, Ana Carla Sousa de Araujo, a diminuição no uso do tabaco pela população brasileira tem um impacto importante na saúde pública do País, pois aumenta a sobrevida da população e diminui a ocorrência de doenças relacionadas ao tabaco, como infarto, derrame e câncer. “O tabaco antecipa em anos a ocorrência de infarto e de derrame, e aumenta a pressão arterial da população.”
Além disso, diz a médica, o cigarro é um dos principais causadores de cânceres, como o de pulmão, por exemplo. Essas doenças podem ser desenvolvidas também em pessoas que não fumam, mas que convivem com fumantes, pois a inalação da fumaça liberada pelo cigarro também é tóxica e prejudicial à saúde. “A pessoa que está ao lado de quem fuma também pode desenvolver doenças relacionadas ao tabagismo sem nunca ter colocado um cigarro na boca”, afirma a médica.
Ana Carla reforça a importância das ações antitabagistas promovidas pelo governo e afirma que o programa é eficiente, assim como suas ações, como a proibição de propagandas nos meios de comunicação, o uso de imagens chocantes nos maços de cigarro e o constante aumento no preço do cigarro, formas de controle de vendas e uso.
Melhoras na saúde
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), parar de fumar traz benefícios imediatos à saúde do fumante. Em 20 minutos, o ritmo cardíaco e a pressão arterial da pessoa baixam e, em 12 horas, o nível de monóxido de carbono no sangue se normaliza. Além disso, com prazos maiores, ocorre uma melhora na circulação sanguínea e no aumento da função pulmonar. Em 15 anos, após parar de fumar, os riscos de doenças coronárias no ex-fumante são os mesmos de um não fumante.
Além disso, parar de fumar não traz benefícios apenas para o ex-fumante, mas também para as crianças, que muitas vezes tornam-se fumantes passivas. As doenças que mais afetam essas crianças são as respiratórias, como asma, e as infecções de ouvido.
Ainda de acordo com a Opas, parar de fumar também traz benefícios como redução das chances de impotência sexual, dificuldade para engravidar, partos prematuros, nascimento de bebês com baixo peso e abortos espontâneos.
Para quem já parou ou deseja parar de fumar, o SUS oferece tratamentos integrais e gratuitos, basta que a pessoa procure uma Unidade Básica de Saúde para receber as informações necessárias sobre locais e horários para os tratamentos.
Para mais informações sobre os tratamentos ou sobre as campanhas antifumo no Brasil pelo Disque Saúde, disque 136.
**Texto por Jornal da USP