Entenda os sintomas de depressão e síndrome do pânico, que afastaram Zé Neto dos placos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A dupla sertaneja Zé Neto e Cristiano anunciou, nesta quinta-feira (22), a suspensão da agenda de shows pelos próximos 90 dias. A decisão veio após a necessidade de Zé Neto se afastar para tratar de depressão e síndrome do pânico.

A depressão é um transtorno psiquiátrico crônico que atinge mais de 300 milhões de pessoas no mundo, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). No Brasil, segundo a PNS (Pesquisa Nacional de Saúde), mais de 16 milhões convivem com a doença.

Ao contrário de um sentimento de tristeza comum, a depressão gera sintomas como falta de energia e de concentração e afeta padrões de sono e de alimentação.

Já a síndrome do pânico —ou transtorno de pânico— é um transtorno mental caracterizado por taquicardia, palpitações, coração acelerado, transpiração, tremores, sensação de falta de ar, dor no peito, náuseas, tontura, calafrios, formigamentos e medo de perder o controle.

ENTENDA OS SINTOMAS DAS DOENÇAS

Ambos os transtornos exigem o diagnóstico feito por um profissional de saúde mental, como um psiquiatra ou um psicólogo.

Para a síndrome do pânico, é importante primeiro descartar outras condições médicas com sintomas semelhantes, como hipertireoidismo e doenças cardiopulmonares. As crises surgem no final da adolescência ou início da vida adulta e são mais frequentes em mulheres.

O tratamento é multifacetado e individualizado para cada paciente, e geralmente inclui uma combinação de psicoterapia, medicamentos antidepressivos ou ansiolíticos e mudanças no estilo de vida, como atividades físicas regulares e alimentação balanceada.

COMO SABER SE ESTOU COM DEPRESSÃO OU SÍNDROME DO PÂNICO?

É comum confundir tristeza e depressão. A tristeza é um sentimento normal e pode ocorrer de modo proporcional em algumas fases da vida. Porém, quando ocorre em conjunto com outros sintomas mais amplos, como indisposição, perda de foco, insônia, alteração do apetite, agitação e irritabilidade, pode ser um indício de depressão.

Numa fase de luto, alguns desses sintomas podem até se manifestar, sem que se configure ainda uma depressão, desde que o tempo de duração seja curto e a intensidade dos sintomas seja menor.

A síndrome do pânico é caracterizada por ataques de pânico recorrentes e inesperados. Ataques isolados não caracterizam a síndrome e podem ocorrer em outros transtornos mentais, como ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e os causados por uso de substâncias químicas.

Os ataques alcançam um pico em poucos minutos e têm duração limitada, habitualmente menos de 20 minutos. Embora os sintomas sejam extremamente desconfortáveis, não implicam em um risco de morte.

A PARTIR DE QUE MOMENTO DEVO PROCURAR AJUDA?

No caso da depressão, quando o indivíduo percebe que a tristeza ou a perda de interesse nas atividades perduram mais de duas semanas, ocorrendo na maior parte do dia, já é importante buscar ajuda.

Uma outra pista é perceber se o sono, a concentração ou o apetite foram afetados de algum modo.

Para a síndrome do pânico, é importante buscar ajuda se os sintomas, como taquicardia, falta de ar, ou sensação de perda de controle, persistirem, piorarem ou afetarem sua rotina diária.

Quanto mais cedo o tratamento for iniciado, melhor será o controle dos sintomas e a qualidade de vida.

COMO FUNCIONA O TRATAMENTO PARA DEPRESSÃO E SÍNDROME DO PÂNICO?

O tratamento para depressão e síndrome do pânico é multifacetado e geralmente inclui uma combinação de psicoterapia, medicamentos e mudanças no estilo de vida.

O sucesso do tratamento varia de pessoa para pessoa, mas com a abordagem correta, muitos pacientes conseguem alcançar uma vida funcional e com qualidade.

– Psicoterapia: A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes para ambos os transtornos. Ela ajuda os pacientes a identificar e modificar padrões de pensamento negativos e comportamentos que contribuem para a depressão e os ataques de pânico.

– Medicação: Antidepressivos, como os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), são frequentemente prescritos para tratar a depressão e também podem ser eficazes para o transtorno do pânico. Ansiolíticos podem ser utilizados a curto prazo para controlar crises agudas de pânico, mas seu uso prolongado é geralmente evitado devido ao risco de dependência.

– Mudanças no estilo de vida: Atividades físicas regulares, alimentação balanceada, e técnicas de relaxamento, como meditação e respiração diafragmática, são recomendadas para melhorar os sintomas e prevenir recaídas. Boas práticas de sono e a redução do consumo de substâncias estimulantes, como cafeína e nicotina, também são importantes.

– Neuromodulação: Para casos de depressão resistente ao tratamento convencional, a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) é uma opção. Este tratamento envolve a estimulação de áreas específicas do cérebro com campos magnéticos para ajudar a melhorar o humor.

– Acompanhamento contínuo: Tanto a depressão quanto o transtorno do pânico podem exigir acompanhamento a longo prazo. Manter consultas regulares com profissionais de saúde mental e ajustar o tratamento conforme necessário é essencial para controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

É POSSÍVEL SE CURAR COMPLETAMENTE DA DEPRESSÃO E DA SÍNDROME DO PÂNICO?

A depressão pode ser controlada e tratada, mas a “cura” depende do tipo de depressão.

Em muitos casos, os sintomas podem ser aliviados com o uso de antidepressivos, que podem ser gradualmente suspensos após a remissão dos sintomas, levando a uma alta médica.

No entanto, existem formas crônicas de depressão que podem exigir tratamento prolongado, possivelmente por toda a vida, semelhante a outras doenças crônicas como diabetes ou hipertensão.

Nesses casos, o objetivo do tratamento é gerenciar os sintomas e manter a qualidade de vida, mesmo que a depressão não seja “curada” no sentido tradicional.

Com o tratamento, é possível reduzir a frequência e a intensidade das crises na síndrome do pânico. Mesmo que não seja curada no sentido absoluto, o tratamento permite que a pessoa tenha uma boa qualidade de vida com o transtorno.

VITOR HUGO BATISTA / Folhapress

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