SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O técnico Abel Ferreira concedeu uma entrevista repleta de ironias após a goleada do Palmeiras por 5 a 0 sobre o Cuiabá. O português dedicou o resultado à presidente Leila Pereira e pediu ‘desculpas por não ser tão bom’ após as eliminações na Copa do Brasil e Libertadores.
Pedido de desculpas. “A única coisa que tenho a dizer a essa minoria, peço desculpas por não ser tão bom quanto eles esperam, peço desculpa por não conseguir ganhar todos os títulos e todos os jogos. Mas ao mesmo tempo queria também agradecer a todos os torcedores, que no Brasil é coisa rara, que nos aplaudiram de pé contra o Flamengo e contra o Botafogo. Sabem o quanto nos esforçamos. O gosto foi terrível pra nós”.
Goleada para Leila. “Às vezes parece fácil o que fizemos aqui em quatro anos, chego a pensar que o Palmeiras em toda a história só ganhou. Tenho muita sorte de ter jogadores que dão o máximo que conseguem e ter uma presidente que tem mais coragem do que muitos juntos e põe cada um dentro do clube a fazer o que deve. Tenho sorte de ser liderado por ela e hoje, sinceramente, essa vitória é todinha para ela”.
Elogios ao gramado. “O gramado é top top. Carinho que fomos recebidos aqui não só pela torcida, que respeito o esforço dos jogadores. Agradecer à diretoria e todos os funcionários do Guarani. Queria eu que o futebol brasileiro tivesse 50% dos gramados iguais a esse. Gramado nos ajudou muito na nossa dinâmica de jogo”.
Confira outras respostas do técnico Abel Ferreira:
Chances
Eficácia é o aspecto mais importante no futebol. Botafogo teve a primeira oportunidade de fora e foi na trave, o primeiro gol de arremesso lateral e o segundo de tiro de meta direto. Hoje fizemos um gol sem chutar no gol. Os inteligentes do futebol conseguem explicar? É futebol.
Problemas psicológicos
Lesões. Viram o Estêvão hoje? Tivemos duas lesões no último jogo. Isso vem da insanidade dos jogos. Hoje disse aos jogadores que o futebol é muito mais mental do que todos pensam. Pena que não somos tão exigentes no resto dos departamentos da sociedade. Futebol não é diferente de uma família: tem momentos que estamos bem e outros não. Além do desgaste físico e emocional, lesões que temos que levar, temos que entender o que precisamos valorizar e o que vamos deixar para lá. Eu não prometo títulos a ninguém e volto a dizer: quando eu for o problema, eu deixo de ser o problema no dia seguinte.
Mayke (situação do lateral após lesão)
Mais uma lesão. Eu tenho que dar satisfações a três mulheres só: minha mãe, minha mulher e a presidente. As únicas que tem o direito de vir falar comigo e pedir explicações. Por que perdeu, por que lesionou? As únicas. Os outros podem falar, se manifestar, elogiar ou criticar, o treinador tem que saber ouvir elogios e críticas. Vou voltar a referir: infelizmente, aconteceram coisas no mês de agosto. A primeira e pior foram lesões, umas que vocês souberam, outras não. Nunca, desde que estou no Palmeiras, tiveram tantas lesões. Começou com Estêvão no Botafogo, Piquerez, Murilo, Mayke… Outros tiveram que jogar sem estar 100%.
Papo com Estêvão após convocação?
Eu queria saber o que vocês entendem como trabalho de um treinador, se é título, vitória, valorização dos jogadores, venda dos jogadores, potencializar para que cheguem à seleção como Ríos, Luís Guilherme, Estêvão, Endrick. O que é o trabalho de um treinador? Você vê alguém a falar que jogamos com jogadores de 18 anos contra o Botafogo? Quantos jogadores tem o Flamengo, Botafogo, Fortaleza, São Paulo, quantos tem jogadores jovens da base? Vocês veem alguém falando isso? Isso não é só para valorizar o Palmeiras, é para valorizar o futebol brasileiro e indiretamente a seleção brasileira. Fiquem tranquilos, 2025 já está aí.
Maurício
Ainda bem nossa presidente contratou Felipe, Maurício e Giay e que o treinador teve coragem para apostar no Vitor. Toda mudança requer uma adaptação, ao país, ao clube, aos nossos torcedores e metodologia de treino. Com o passar do tempo, vão entrosar com tudo. Tenho certeza que vão continuar a nos ajudar.
Rivais
Ninguém aqui está habituado a estar na situação que está. Se não for para ganhar, eu não estou aqui a fazer nada. Jogadores sabem disso. No ano em que o Palmeiras não ganhar um título, não precisam me empurrar. E seria um gosto ser despedido por uma mulher. Nunca fui despedido como treinador. O denominador comum é que o Palmeiras está sempre lá.
EDER TRASKINI / Folhapress