SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um disco gravado em um estúdio especializado em forró e MPB acabou se tornando um clássico do underground do rock nacional –e suas músicas seguem vivas e ferventes até hoje.
“Servil”, dos paulistanos do Ludovic, lançado em 2004, continua conquistando novos fãs com sua mistura de guitarras estridentes e melodia, que servem como base para os versos sinceros de Jair Naves em letras sobre relacionamentos amorosos e transtornos mentais.
A banda, desfeita em 2008, depois de apenas dois álbuns, se reuniu agora para uma turnê em comemoração aos 20 anos de “Servil”, que já passou por Curitiba, Florianópolis e Blumenau e chega a Goiânia, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro a partir de setembro.
Naves, o vocalista, diz se surpreender com o fato de o disco ainda movimentar tanta gente. Segundo ele, o público da banda “quadruplicou, quintuplicou” depois de ela anunciar o fim das atividades, e os shows recentes têm uma parte da plateia que nem era nascida quando o Ludovic começou.
“Servil” –composto e gravado quando os integrantes tinham 20 anos ou menos–, segue relevante por lidar com a “inquietação característica da passagem da adolescência para a vida adulta”, afirma Naves, acrescentando que o Ludovic nunca arrastou multidões para os shows, apesar de o grupo ser amado como as bandas mais populares.
O álbum foi gravado num momento em que Naves se encontrava como cantor e não sabia como trabalhar em estúdio. A sonoridade é crua e na cara, com um senso de urgência típico da juventude. “O que compensou a precariedade técnica e a inexperiência [da banda] era uma entrega muito verdadeira e muito completa”, afirma ele.
O músico caracteriza “Servil” como um fluxo do inconsciente, e afirma achar pertinentes as leituras que os ouvintes fazem das letras do disco. Por exemplo, sobre a faixa “Vane, Vane, Vane”, ele conta que já lhe disseram se tratar sobre estar num relacionamento abusivo e não se dar conta disso.
Ele, contudo, caracteriza a música como sendo a respeito do primeiro amor, em que é tudo muito intenso. “É uma versão tão antiga de mim mesmo.”
Já “CVV” resultou da observação do músico sobre a percepção que ele diz ser pouco empática e compreensiva da sociedade com pessoas que sofrem de transtornos emocionais tão fortes a ponto de cogitarem tirar a própria vida. Naves estudou psicologia e cogitou ser voluntário no atendimento do CVV, o Centro de Valorização à Vida.
O vocalista, que hoje tem uma bem-sucedida carreira solo, conta que existem planos de o Ludovic voltar a compor e a gravar material inédito, apesar de sempre haver a sombra dos discos originais. Seria uma tarefa bem empolgante, ele afirma, “porque todos nós somos músicos melhores hoje em dia”.
Ludovic – 20 anos de ‘Servil’
Quando: 6/9 em Goiânia, 7/9 em Brasília, 28/9 em São Paulo e 20/10 no Rio de Janeiro
Onde: Shiva em Goiânia, Infinu em Brasília, City Lights em São Paulo e Agyto no Rio de Janeiro
Preço: A partir de R$ 25 em Goiânia, R$ 35 em Brasília, R$ 65 em São Paulo e R$ 40 no Rio de Janeiro
Link: https://linktr.ee/oficialludovic?utm_source=linktree_profile_share<sid=09cfd256-067d-4ab1-8b10-47877452aff4
JOÃO PERASSOLO / Folhapress