Oito famílias tiveram suas residências destruídas neste sábado (24) em decorrência dos incêndios que atingiram grande parte do interior do estado de São Paulo. As vítimas foram abrigadas em um posto de saúde desativado e o município segue em alerta para o risco de fogo.
Ao todo, 270 famílias foram impactadas. Oito perderam suas casas, enquanto outras 88 foram afetadas pela destruição das plantações e criações de animais.
Neste domingo (25), a Defesa Civil e o Fundo Social do Estado enviaram ajuda humanitária para a cidade de Pradópolis. Os caminhões levaram 100 colchões, 200 cestas básicas e 14 paletes de água.
As famílias evacuadas foram abrigadas em um posto de saúde desativado, onde passaram a madrugada. Já no domingo (25), as famílias retornaram ao assentamento e reassumiram seus imóveis.
Os ocupantes que tiveram as residências destruídas foram abrigados por vizinhos. Sobre o prejuízo gerado pela tragédia de suposta origem criminosa, nenhuma instituição se pronunciou.
Os mantimentos da ajuda humanitária foram depositados em uma escola do município e já estão parcialmente entregues. De acordo com a Prefeitura de Pradópolis, os mantimentos serão distribuídos a população, a partir desta terça-feira (27), em ação com apoio da Prefeitura de Guatapará.
Região em alerta
Conforme anunciado pela Defesa Civil, o risco de incêndio, que já configurava situação de alerta em 48 cidades do interior, passará para situação de emergência até o próximo sábado (31) na maior parte do estado. Pradópolis está na lista, assim como Sertãozinho, Ibitinga e outras cidades da região.
A piora na seca e o aumento dos focos de incêndio no final da semana passada levaram à constituição de um gabinete de crise estadual para coordenar mais de 7 mil trabalhadores, entre bombeiros e membros das Forças Armadas e civis.
Atuam na região três helicópteros da Polícia Militar, uma aeronave KC-390, dois helicópteros da Força Aérea Brasileira e cerca de 30 veículos pesados, além de drones, usados principalmente para debelar incêndios na Área de Proteção Ambiental (APA) de Ibitinga, e equipamentos e equipes cedidos pela iniciativa privada.
Ainda segundo a Defesa Civil, no momento não há nenhum foco ativo de incêndio no estado.
Dentre as vítimas das queimadas, houve 66 feridos nos municípios de Ribeirão Preto e Barretos, além de dois brigadistas mortos na cidade de Urupês, em um acidente com caminhão durante o combate às chamas na Usina Santa Isabel.
A Secretaria de Segurança Pública do estado confirmou três prisões. Na manhã de sábado (24), a Polícia Militar deteve um idoso de 76 anos após ele atear fogo em lixo em uma área de mata no Jardim Maracanã, em São José do Rio Preto.
Na manhã de domingo (25), na cidade de Batatais, um homem de 42 anos foi flagrado ateando fogo em uma área de mata. Segundo a Polícia Militar, ele disse aos policiais que faz parte de uma facção e chegou a gravar um vídeo comemorando o ato criminoso.
Os policiais apreenderam uma garrafa com gasolina e um isqueiro com ele, que tem passagens por roubo, furto, homicídio e posse de droga.
Hoje, na cidade de Guaraci, na região de Barretos, foi preso um homem de 26 anos em flagrante por atear fogo em vários pontos de um canavial localizado próximo à área urbana. Com ele, foram apreendidos dois isqueiros.
Além dessas prisões, a Polícia Militar Ambiental aplicou mais de R$ 15 mil em multas a dois homens em Porto Ferreira por incêndio para limpeza de vegetação em Área de Preservação Permanente. Foram registrados seis autos de infração ambiental.
Ação criminosa
O secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff, disse nesta segunda-feira (26) que 99,9% dos incêndios registrados no estado de São Paulo ao longo do fim de semana foram causados por “ação humana”. Segundo ele, pelo menos 31 inquéritos já foram abertos junto à Polícia Federal (PF) para investigar possíveis incêndios criminosos na região.
Ainda de acordo com Wolnei, 56 municípios paulistas informaram terem sido afetados pelos incêndios do fim de semana.