SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Inaugurado ainda inacabado pelo presidente Lula (PT), em julho, o campus Quitaúna da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), em Osasco, promove aulas em meio a obras. A unidade abriga a Escola Paulista de Economia, Política e Negócios.
Poeira e barulho costumam atrapalhar as atividades, segundo estudantes. Também há materiais guardados por toda parte.
A reportagem esteve no local no dia 6 de agosto. Salas e salões abrigavam pilhas de caixas, cadeiras, mesas e ventiladores ainda sem destino certo. Alguns corredores ainda precisavam de acabamento, e fios soltos eram visíveis. Do lado de fora, alguns espaços seguiam em terra batida ou com piso incompleto.
Procurada, a Unifesp diz que o projeto do campus Quitaúna conta com três blocos norte, sul e biblioteca e que os blocos norte e sul, referentes aos edifícios acadêmico e administrativo, respectivamente, começaram a funcionar no final de julho. E afirma que o bloco da biblioteca, o que ainda está em obras, tem previsão de entrega para o primeiro semestre de 2025.
“O acesso e operação das obras da biblioteca, porém, é independente dos dois blocos inaugurados, o que não causa transtornos ou atrapalha as atividades acadêmicas”, afirma a universidade.
A Unifesp diz ainda que atualmente são utilizadas 23 salas de aula e que as demais 9 salas servirão para expansão das atividades de pós-graduação.
Estudantes dos cursos que usam o campus administração, ciências atuariais, ciências contábeis, ciências econômicas e relações internacionais citam a felicidade de ter um espaço novo para aulas, mas lamentam a estrutura incompleta e os problemas gerados por isso.
O governo federal e a Unifesp divulgaram a inauguração do campus Quitaúna após reportagem da Folha mostrar que o local havia sido anunciado 16 anos atrás, mas seguia em construção.
Sob o governo Jair Bolsonaro a instituição quase não recebeu repasses para obras, afirmou a reitora, Raiane Assumpção. Foram feitos apenas investimentos pontuais, disse ela, em maio.
Em 2023, Brasília se comprometeu a enviar R$ 18 milhões para a finalização do campus. Ao todo, foram investidos R$ 102 milhões para as obras em uma área de 22 mil metros quadrados.
Universidades federais acumulam obras inacabadas
Dezenas de universidades federais de todas as regiões do país acumulam obras paradas ou atrasadas e projetos abandonados em razão da queda de orçamento dos últimos anos.
Eleito tendo como uma das promessas a retomada de investimentos no ensino superior, o presidente Lula anunciou no início de junho um PAC de R$ 5,5 bilhões para parte dessas obras inacabadas, além de uma nova ampliação da rede federal. O anúncio ocorreu em meio à greve de professores e servidores, em uma tentativa de esvaziar o movimento.
Parte dos recursos anunciados, porém, já estava prevista desde agosto do ano passado. Reitores afirmam que os valores liberados ainda são insuficientes para retomar os projetos e abarcar os investimentos necessários.
Apesar de concordarem com a necessidade de expansão das federais, como quer o governo, os gestores afirmam ser ainda mais necessário aumentar o financiamento, já que não há recurso suficiente nem mesmo para o pleno funcionamento das instituições existentes.
BRUNO LUCCA E RAFAELA ARAÚJO / Folhapress