SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com vídeos em tom de denúncia, a candidata Tabata Amaral (PSB) repete estratégias do autodenominado ex-coach Pablo Marçal (PRTB), faz acusação sem apresentar provas e promete revelação em debate que acontece neste domingo (1º).
Enquanto o ex-coach afirma que Guilherme Boulos (PSOL) é usuário de cocaína sem mostrar provas, Tabata diz que sua campanha detectou irregularidades na forma com a qual Marçal conseguiu milhões de seguidores em poucos dias. Ela também não apresenta comprovações da denúncia.
No sábado (24), a Justiça Eleitoral determinou a suspensão dos perfis de Marçal em redes sociais até o final das eleições. A decisão, em caráter liminar, foi concedida na ação movida pelo PSB. A Justiça, no entanto, autorizou o candidato a criar novas contas.
Em menos de 48 horas, Marçal angariou mais de 2,5 milhões de seguidores e passou os adversários.
Em um vídeo publicado nas redes, Tabata insinua que o ex-coach conquistou milhões nas novas contas de forma ilegal. “Pablo dá mais um passo fora da linha, um passo em falso. A gente já identificou como é que ele ganhou tantos seguidores na conta nova em tão pouco tempo. Um spoiler: Não foi graças ao seu rostinho harmonizado”, diz a candidata do PSB.
Ela foi questionada na segunda-feira (26), em entrevista a jornalistas, o que descobriu de irregularidade contra Marçal e disse que o candidato possui “indícios fortíssimos de caixa dois”. “Há toda uma máfia digital sendo financiada descumprindo a lei, com dinheiro que não sabemos de onde vem e seguindo regras que não estão sendo postas no debate”, diz ela.
Nesta quinta (29), durante agenda de campanha na República, centro de São Paulo, Tabata voltou a comentar a acusação que faz sem apresentar provas, mas refuta que semelhança com a tática de Marçal. Diz que eles têm diferenças e que as provas serão apresentadas durante o debate da TV Gazeta no domingo, dia 1º de setembro.
“Identificamos e temos três provas que estamos recolhendo de como é que ele fez para crescer de forma tão acelerada. Mas a gente vai primeiro levar isso para Justiça e levar no debate de domingo o que foi que a gente identificou”, afirmou Tabata.
A candidata também reiterou que sua história e a de Marçal são diferentes, relembrou que ele foi preso sob suspeita de integrar quadrilha envolvida com fraude bancária e “responde a inúmeros crimes”.
“Ele [Marçal] fala ao vento, não está nem aí que seja uma mentira. Quando eu me deparo como uma corrupção, eu levo para a Justiça. Não é da boca para fora”, afirmou a candidata, que apareceu em quinto lugar na mais recente pesquisa do Datafolha, divulgada na semana passada, com 8% das intenções de voto.
Como a Folha mostrou, a campanha de Tabata usa vídeos de denúncia contra Marçal como forma de trampolim para aumentar a taxa de conhecimento pela cidade –hoje, apenas 61% da população diz conhecer a deputada federal.
O vídeo, que foi publicado na segunda-feira, teve até esta quinta-feira (29) 2,5 milhões de reproduções só no Instagram. Além do tom sombrio, Tabata aposta em frases de efeitos nas peças, como “P de Pablo, C de coach, C de criminoso”, diz ela.
No vídeo, ela relembra as polêmicas de Marçal, que já foi condenado em 2010 por furto por participação em uma quadrilha de fraude bancária, e relembra que pessoas próximas ao candidata têm ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital).
Em entrevista ao UOL, o marqueteiro de Tabata, Pedro Simões, afirmou que, nos vídeos, a campanha adotou estratégias com objetivo de desconstruir Marçal.
“Talvez esses candidatos que se colocam como outsiders, antissistema, tenham entendido mais rápido que o cenário de comunicação tradicional mudou, dão menos atenção a televisão. Bolsonaro foi eleito com segundos de televisão”, disse ele.
Simões acredita que não são especificamente táticas da extrema direita, mas que não estavam sendo utilizadas pelo campo democrático e que “a gente precisa utilizar para conseguir falar com esse público”.
ISABELLA MENON / Folhapress