SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – Um ex-policial militar que estava foragido da Justiça de Minas Gerais havia 15 anos foi preso na cidade de Ubaitaba, no sul da Bahia, na última terça-feira (27). Hélio Camilo, 56, era alvo de mandados judiciais pelos crimes de homicídio e estelionato.
Segundo as investigações, ele usava o nome falso de Geraldo Dantas Silva e trabalhava atualmente como diretor de uma escola estadual localizada no município, onde se estabeleceu. Ele já foi exonerado do cargo.
A reportagem tentou localizar a defesa do ex-PM nesta quinta (29), mas ele ainda não tem advogado. Segundo a polícia, no momento da prisão, ele não apresentou resistência e afirmou ter consciência de que um dia poderia ser encontrado.
Autuado em flagrante por falsificação de documentos, ele agora aguarda ser transferido para o sistema prisional de Minas Gerais.
A operação que resultou na prisão do ex-PM foi deflagrada pela Polícia Civil da Bahia e de Minas, além de Polícia Federal. Durante a ação, investigadores apreenderam um carro e duas motocicletas.
O assassinato pelo qual foi condenado ocorreu em 1996, em Belo Horizonte. A polícia mineira não deu detalhes do caso.
Na época, Hélio chegou a cumprir parte da pena de reclusão em um presídio de Minas, seu estado de origem, mas não retornou de uma saída temporária em 2009.
Antes de fugir para a Bahia, viveu na cidade de Vilhena, em Rondônia, onde passou a adotar a identidade falsa, conforme a apuração policial. A Justiça daquele estado expediu contra ele um mandado de prisão por estelionato.
Ao se mudar para Ubaitaba, o ex-PM prestou concurso público com os documentos fraudados, foi aprovado e nomeado servidor da Secretaria de Estado da Educação da Bahia. Atuou como professor por cerca de 13 anos no Colégio Estadual Octacílio Manoel Gomes e acabou promovido ao posto de diretor.
Procurada, a pasta afirmou que, após tomar conhecimento dos fatos, o exonerou de imediato da função que exercia. E disse estar adotando todas as medidas cabíveis à situação.
Fixado na Bahia, o ex-PM se casou e teve três filhos. De acordo com a polícia, a esposa dele disse estar abalada com a prisão porque desconhecia o passado de Hélio.
Em uma conta no Instagram, Hélio dizia ter 40 anos e se apresentava como professor de inglês, espanhol, português e biologia. E dizia estar em busca de “amizades e novas culturas.”
Ele compartilhava fotos com amigos e ao lado da família na praia de Maraú, destino turístico no baixo sul baiano.
Por meio de uma nota de repúdio, alunos do Colégio Estadual Octacílio Manoel Gomes se dizem revoltados com o episódio e cobram transparência das autoridades estaduais.
“Estamos profundamente chocados e envergonhados com a recente prisão do nosso diretor, acusado de crimes graves. É inaceitável que uma pessoa com histórico tão criminoso tenha liderado nossa escola por tantos anos”, afirmam no texto.
“Queremos deixar claro que não nos sentimos confortáveis em retornar à escola no dia seguinte sem que haja uma resposta clara e transparente sobre o que aconteceu. Essa situação não pode ser tratada como se nada tivesse ocorrido. A falta de comunicação e a tentativa de esconder os fatos são uma falta de respeito para com todos os alunos, que merecem saber a verdade.”
Professores, pais e demais estudantes endossaram as críticas e disseram acreditar que os organizadores do concurso falharam em não investigar a vida pregressa do agora ex-diretor.
ALEXANDRE SANTOS / Folhapress