SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Festa Literária Internacional de Paraty voltou atrás na proposta de proibir as casas parceiras do evento de vender livros, uma ideia que encontrou resistência desde que foi revelada pela Folha de S.Paulo, há duas semanas.
Agora, a Flip distribuiu um novo comunicado afirmando que as casas podem comercializar seus exemplares, sim, se adquirirem o Selo Livraria da Flip por uma contribuição mínima de R$ 1.000.
Segundo diz a Associação Casa Azul, responsável pela festa, o selo oficializa o compromisso de cada casa com “meio ambiente, responsabilidade social e gestão participativa do território” da cidade.
É uma ação que “visa conscientizar os parceiros em relação ao impacto causado pelos resíduos durante os dias da festa, amenizando a sobrecarga na infraestrutura do sensível território de Paraty”, diz uma nota enviada à reportagem.
A organização disse à coluna Painel das Letras, duas semanas atrás, que o veto à venda de livros tinha o propósito de evitar “situações predatórias ao ecossistema” da região e do festival. “A Flip é uma festa, não uma feira comercial”, afirmava.
O novo selo, então, seria uma solução para garantir que o mesmo manual de boas práticas seja compartilhado por todos que aderirem.
De acordo com a Flip, a proposta foi negociada com a prefeitura e o Iphan, responsável pelo patrimônio histórico do centro de Paraty. A taxa de R$ 1.000 será destinada a uma ONG, o Instituto Colibri, que atua com coleta seletiva na cidade fluminense desde 2010, ainda segundo a festa.
Não se sabe ainda o quanto a medida surtirá efeito. Boa parte das casas parceiras independentes reavaliavam sua participação porque a margem de lucro que obtêm na Flip é curta -sem a receita da venda de livros, a compensação seria mínima.
Agora, desembolsando um novo valor que não era cobrado em edições anteriores, a conta pode continuar sem fechar para várias delas, que têm gastos com aluguel, viagem de funcionários e estrutura do espaço em Paraty.
A Flip acontece daqui a pouco mais de um mês, de 9 a 13 de outubro, com uma programação principal que inclui autores como Édouard Louis, Jeferson Tenório, Carla Madeira e o cacique Raoni, sob curadoria de Ana Lima Cecilio. A programação paralela, que também costuma animar os leitores, depende do resultado dessa negociação.
WALTER PORTO / Folhapress