Galípolo é uma surpresa positiva do PT, diz Stuhlberger

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O gestor do Fundo Verde, CEO e CIO da Verde Asset, Luis Stuhlberger, afirmou neste sábado (31) que a decisão do governo de indicar Gabriel Galípolo para o comando do Banco Central brasileiro é uma surpresa positiva que o PT trouxe. Ele disse acreditar que os juros vão voltar a subir neste ano.

“Olhando o PT como governo, olhando para o que aconteceu no governo Dilma [Rousseff], olhando o que o Lula falou duramente meses sobre a independência do Banco Central, e que um Banco Central petista tinha que ter uma política monetária com juros muito mais baixos (…), é uma surpresa positiva do lado do governo do PT [o Galípolo]”, afirmou durante a Expert XP, que acontece em São Paulo.

Stuhlberger ponderou que o indicado à presidente do BC fez discursos confusos e antagônicos recentemente. Mas, ainda assim, para o investidor o saldo final da escolha é positivo, já que Galípolo tem mostrado comprometimento com a meta de inflação, inclusive falando em alta de juros se for preciso.

O gestor cravou sua aposta ao afirmar que os juros vão subir neste ano. Stuhlberger enxerga a inflação neste ano mais próxima do teto de 4,5% do que dos 4%. Para ele, as projeções de inflação no relatório Focus, que reúne expectativas de economistas para os principais indicadores do país, estão abaixo da realidade, com uma diferença razoável em relação aos prêmios da curva de juros futuros.

Apesar do seu otimismo com o Banco Central, o gestor se disse preocupado com as contas públicas. Para ele, há uma tendência explosiva para os gastos e a dívida pública brasileira que o mercado ainda não está olhando de perto. Para ele, essa “explosão” não deve acontecer agora, mas está seguindo para esse caminho.

Stuhlberger vê o governo exagerando na capacidade de arrecadação federal, que para ele está longe de acontecer tal como a equipe econômica estima. Na última sexta-feira (30), o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entregou ao Congresso a sua proposta de Orçamento para 2025 com a previsão de uma receita extra de R$ 166 bilhões.

“Essa arrecadação é de país europeu, claro que não vai se manter”, afirmou.

Por outro lado, o gestor diz que o governo vem subestimado as despesas. Ele criticou a última proposta do governo de turbinar o auxílio-gás fora do arcabouço fiscal, e disse que a medida abre portas para mais gastos.

A proposta prevê um repasse direto de recursos ligados ao pré-sal para a Caixa Econômica Federal sem passar pelo Orçamento, em uma operação vista por especialistas como um drible nas regras do arcabouço fiscal.

STÉFANIE RIGAMONTI / Folhapress

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