Dólar abre em leve queda nesta segunda com investidores à espera de novos atos do BC

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em leve queda nesta segunda-feira (2) com os investidores à espera de mais uma intervenção do BC (Banco Central).

A autarquia divulgou que fará um leilão extra de até 14,7 mil contratos de swap cambial nesta segunda. Na sexta-feira (30), o BC realizou dois movimentos para tentar conter a alta do dólar: um leilão de US$ 1,5 bilhão e posteriormente negociou 15,3 mil contratos de swap cambial.

Nesta segunda, às 9h08, o dólar caía 0,34%, cotado a R$ 5,6173. Na sexta-feira, o dólar fechou em alta de 0,18%, a R$ 5,632, e a Bolsa fechou praticamente em estabilidade, com leve queda de 0,03%, aos 136.004 pontos.

Na sexta, o dólar se fortaleceu globalmente após dados de inflação dos Estados Unidos reforçarem hipótese de um corte menor nos juros americanos, e houve subida no Brasil mesmo com a intervenção do BC.

O primeiro leilão do BC foi realizado entre 9h30 e 9h35, no que foi a segunda intervenção do câmbio desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo a autoridade monetária, foi aceita uma proposta no valor total de US$ 1,5 bilhão no mercado à vista.

Ao atuar no mercado à vista, a autoridade monetária vende reservas internacionais, sem compromisso de recompra, e o dinheiro é injetado no mercado. O valor foi referenciado à Ptax, taxa de referência para a liquidação de contratos futuros

No entanto, o primeiro leilão não foi suficiente para conter a disparada da moeda, que avançou globalmente após a divulgação dos dados do PCE, o indicador favorito de inflação do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos).

O índice de preços de despesas de consumo pessoal subiu 0,2% no mês passado, depois de um ganho de 0,1% em junho, segundo o relatório. Os economistas haviam previsto que a inflação PCE aumentaria 0,2%. Nos 12 meses até julho, o índice de preços PCE aumentou 2,5%, igualando o ganho de junho.

“O indicador reforçou a hipótese de que o Fed deve abaixar os juros em 0,25 ponto, e não em 0,50 ponto, na próxima reunião de política monetária, o que fortalece a moeda norte-americana”, diz Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank.

À tarde, o BC realizou a segunda operação de injeção extra no mercado para conter a disparada. A autoridade monetária vendeu 15.300 contratos de swap cambial tradicional —cerca de US$ 765 milhões— de um total de 30 mil contratos, ou US$ 1,5 bilhão.

A venda de swaps cambiais tem efeito equivalente à negociação de dólares no mercado futuro —o segmento mais líquido no Brasil e, no limite, o que determina as cotações no mercado à vista.

Na prática, os leilões visam estimular a circulação de dólares no país, seguindo a lei da oferta e demanda: quanto mais disponível, menor o preço.

As operações, segundo Roberto Campos Neto, presidente do BC, foram feitas para rebalancear o “fluxo atípico” de compra de dólares.

Ele também disse que a autarquia fará mais intervenções no câmbio se necessário, ressaltando que a moeda é flutuante e que as atuações acontecem em momentos de disfuncionalidade no mercado.

A percepção de um afrouxamento gradual pela autoridade dos Estados Unidos tem mexido com os mercados desde quinta-feira (29), após a divulgação dos dados do PIB (Produto Interno Bruto) anualizado do segundo trimestre.

A economia cresceu 3% no período analisado, superando a estimativa inicial de 2,8% apresentada na primeira leitura preliminar. Economistas consultados pela Reuters previam que não haveria revisão.

A leitura é que a economia continua forte e que o mercado de trabalho, apesar de apresentar sinais leves de resfriamento, está mais resiliência do que o especulado no começo do mês. Isso justificaria um corte de menor magnitude, de 0,25 ponto, e não de 0,50 ponto, que traria investidores de volta a ativos de maior risco com mais intensidade.

Internamente, o real ainda foi pressionado pela taxa de desemprego divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em mais um sinal de aquecimento do mercado de trabalho, a taxa de desocupação recuou a 6,8% no trimestre encerrado em julho, o menor patamar para esse período na série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), iniciada em 2012.

Além disso, o BC também informou que o resultado fiscal do setor público surpreendeu negativamente em julho, com a dívida pública bruta como proporção do PIB subindo a 78,5%, de 77,8% no mês anterior. No mês, o déficit primário foi de R$ 21,348 bilhões, muito maior que a expectativa de R$ 5 bilhões negativos de economistas consultados pela Reuters.

“Ainda que o mercado de trabalho e o resultado fiscal do governo consolidado ‘exijam’, na visão do mercado, novos aumentos de juros, os dados de agosto têm se mostrado relativamente benignos e podem levar o Copom a adotar uma postura mais parcimoniosa e manter a taxa Selic inalterada na próxima reunião, em setembro”, diz André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, plataforma de transferências internacionais.

Redação / Folhapress

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