SAINT-DENIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Bronze paralímpico no lançamento de disco, categoria F52, o brasileiro André Rocha questionou a classificação do medalhista de ouro, o italiano Rigivan Ganeshamoorthy, ilustrando uma questão recorrente no paradesporto: as discussões quanto à divisão equitativa dos atletas de acordo com a real capacidade física.
A prova ocorreu neste domingo (1º), mas as críticas só foram feitas nesta segunda (2), após a cerimônia do pódio.
“Ele não é da classe. Tem controle de tronco total, tem mão boa, punho. São alguns detalhes que existem dentro da classe, e se a pessoa não tem essa deficiência, é óbvio que favorece. Isso acaba deixando a gente bem chateado”, disse o brasileiro à reportagem.
Comitê italiano e a World Para Athletics, que gere o atletismo mundial, foram procuradas, mas ainda não se manifestaram.
A categoria F52 é para atletas com comprometimento considerável dos movimentos do tronco, das pernas e das mãos, e limitação leve dos braços.
Ganeshamoorthy surpreendeu ao quebrar o recorde mundial, que pertencia ao brasileiro (23,80 metros), em espantosos 13%, com a marca de 27,06 metros. Sua melhor marca na carreira, até então, era de 22,91 metros.
“Ele participou de duas competições, só, e veio pros Jogos. Então ninguém o conhece. Não tem como você não ficar indignado com isso. Mas vida que segue”, disse Rocha.
A classificação funcional dos atletas nas diferentes classes esportivas é feita por uma comissão que avalia o grau de deficiência, o que gera necessariamente subjetividade e controvérsias.
O brasileiro não tem conhecimento de protesto formal, e esclareceu estar “feliz” com a medalha de bronze. Mas disse esperar que no futuro a classe do italiano seja revista.
“É muito ruim comentar sobre o outro. Mas ele com certeza escondeu o joguinho para chegar aqui e fazer o que ele fez. A gente espera que algum órgão possa tomar providência, porque estraga todo um trabalho. Se você perguntar para qualquer atleta, todo mundo vai falar a mesma coisa.”
ANDRÉ FONTENELLE / Folhapress