Sob pressão, Netanyahu pede perdão por morte de reféns na Faixa de Gaza

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, pediu nesta segunda-feira (2) perdão por não ter conseguido salvar os reféns cujos corpos foram encontrados em um túnel na Faixa de Gaza na véspera.

“Eu disse às famílias, e repito nesta noite: peço desculpas por não termos conseguido trazê-los de volta com vida”, afirmou ele em um encontro com jornalistas. “Chegamos perto, mas não conseguimos.”

A declaração, a primeira do líder sobre o episódio, chamou a atenção por sua franqueza -é raro que Bibi, como o premiê é conhecido, reconheça erros, ainda mais no contexto da guerra contra o Hamas.

Ele não cedeu, no entanto, à pressão para assinar um acordo de cessar-fogo com o grupo terrorista e, assim, libertar os reféns que continuam em Gaza, reivindicação que levou mais de 500 mil israelenses às ruas de Tel Aviv e de Jerusalém na véspera.

Pelo contrário, o premiê, que condiciona o fim do conflito à eliminação total do grupo terrorista -o que alguns argumentam ser impossível-, voltou a subir o tom contra a organização. “Israel não permitirá que esse massacre simplesmente passe em branco. O Hamas pagará um preço muito alto por isso.”

Netanyahu ainda se queixou da pressão da comunidade internacional pelo acordo, afirmando que ela deveria estar concentrada no grupo terrorista, e não no Estado judeu. Era uma resposta ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que, ao ser questionado se o premiê estava fazendo o suficiente para garantir a libertação de reféns mais cedo, respondeu simplesmente “não”.

“Estes assassinos executaram seis dos reféns com tiros na nuca”, disse Bibi. “Depois disso, querem que façamos mais concessões? O Hamas é que precisa fazer concessões. Nós já as fizemos.”

O líder ainda defendeu a permanência do Exército israelense no chamado corredor Filadélfia, na fronteira sul da Faixa de Gaza. O futuro desta zona-tampão é um dos principais pontos de tensão nas negociações da trégua, mediadas pelos EUA em conjunto com o Egito e o Qatar.

Israel afirma que a área, capturada por suas tropas em maio, está cheia de túneis que são usados para abastecer o Hamas com armamentos e mercadorias contrabandeadas.

Mas tanto o Egito, do outro lado da fronteira, quanto o Hamas argumentam que a saída das forças israelenses de lá é um pré-requisito para qualquer acordo -Cairo, por acreditar que a sua ocupação representa uma ameaça à sua segurança nacional, e a facção, por exigir uma retirada completa de Tel Aviv do território palestino.

O Hamas, aliás, respondeu às declarações do premiê desta segunda com uma retórica ainda mais violenta.

Porta-voz do braço armado da organização, as Brigadas Al-Qassam, Abu Ubaida disse em nota que “a insistência de Netanyahu em libertar os prisioneiros através da pressão militar em vez de concluir um acordo significa que eles retornarão para seus parentes em caixões”.

Ele acrescentou que os membros da facção responsáveis por vigiar os reféns receberam novas ordens sobre como proceder caso soldados israelenses se aproximem dos locais em que estão, mas não detalhou as instruções. “Netanyahu matou os seis prisioneiros e está determinado a matar os que restam. Os israelenses devem escolher entre Netanyahu e o acordo”, disse.

Horas depois das declarações de Bibi, as Brigadas Al-Qassam publicaram um vídeo em que uma dos seis reféns cujo corpo foi recuperado no domingo, Eden Yerushalmi, 24, instava o premiê a concluir o acordo para libertá-los e afirmava que temia morrer enquanto prisioneira. A data do registro não estava clara.

Enquanto isso, o funeral de outro dos reféns, Hersh Goldberg-Polin, atraiu milhares em Jerusalém.

O americano-israelense se tornou uma espécie de símbolo dos cativos em razão da atuação de seus pais, Rachel e Jon Goldberg-Polin, para chamar a atenção para o tema -o casal chegou a se encontrar com Biden e fez um discurso emocionado na convenção do Partido Democrata no mês passado.

Hersh Goldberg-Polin comemorava seu aniversário de 23 anos na festa de música eletrônica Supernova quando o evento foi invadido pelo Hamas, em 7 de outubro de 2023.

Na data, os terroristas mataram cerca de 1.200 pessoas e sequestraram outras 251, 117 das quais foram libertadas em novembro, na única trégua do conflito até o momento. Hoje, acredita-se que 134 reféns continuam em Gaza, sendo apenas 64 com vida.

Já a retaliação de Israel sobre a faixa provocou mais de 40 mil óbitos segundo os cálculos de autoridades locais, ligadas ao Hamas.

Redação / Folhapress

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