BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Líder do Republicanos na Câmara dos Deputados e candidato à sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Casa, Hugo Motta (PB) reuniu-se nesta quarta-feira (4) com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e com o presidente Lula (PT).
Os movimentos de Motta ocorrem um dia após o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), desistir de sua candidatura para abrir caminho ao deputado paraibano.
De acordo com relatos de interlocutores de Motta à reportagem, ele se reuniu com Bolsonaro pela manhã na casa do senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente. Estava acompanhado do presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), ex-ministro de Bolsonaro e entusiasta da candidatura de Motta.
Em seguida, no início desta tarde, ele encontrou Lula no Palácio do Planalto, acompanhado de Marcos Pereira e do ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos). “Foi ótima a reunião”, disse Pereira após, o encontro.
O Republicanos tenta, agora, viabilizar o nome de Motta para ser o candidato de consenso à sucessão de Lira. O presidente da Câmara afirmou publicamente algumas vezes que deseja costurar um sucessor que tivesse apoio tanto do PT quando do PL, as duas maiores bancadas da Casa.
Inicialmente, ele tinha estabelecido um prazo para anunciar quem iria apoiar até o fim de agosto. Mas, diante da falta de consenso, adiou a tomada de decisão.
O nome de Motta era ventilado nos bastidores como possibilidade de uma candidatura de consenso, pelo fato de ele ter bom trânsito entre parlamentares de diversos partidos na Câmara, mas esbarrava em Pereira –que, até então, negava qualquer possibilidade de desistir da disputa.
Ele também era considerado nome preferencial de Lira, que veria nele lo um parlamentar de sua confiança e com maior unanimidade em torno de seu nome.
Hoje também são candidatos os líderes Antonio Brito (PSD-BA), Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL). Todos eles buscavam o apoio de Lira para se consolidar na disputa.
Com a desistência de Pereira, o Republicanos tentará consolidar apoio do PSD e do MDB, já que integram o mesmo bloco partidário na Câmara (com 147 deputados, ao lado do Podemos). Até o momento, no entanto, Brito não sinalizou que poderá abrir mão da candidatura.
Elmar também ainda não deu sinais de desistência. Ele é aliado de primeira hora de Lira e contava com o apoio do alagoano. Apesar disso, no entanto, o próprio Lira tinha dúvidas sobre a viabilidade da candidatura do deputado, por avaliar que ele não tem votos necessários para ganhar em plenário. Neste momento, Elmar está reunido com Lira na residência oficial da Presidência da Câmara.
Além de ter apoio de cardeais do centrão, Motta também tem a simpatia de membros do governo Lula e do PT.
Por outro lado, deputados petistas demonstraram apreensão em relação a Motta, diante da proximidade dele com Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara e um dos principais atores do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
JULIA CHAIB E VICTORIA AZEVEDO / Folhapress