SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A operação deflagrada nesta quarta-feira (4) pela Polícia Civil que teve como um dos alvos a empresa de apostas esportivas Esportes da Sorte provocou desdobramentos no Corinthians e no Palmeiras.
Ambos são patrocinados pela empresa –a marca está estampada nas camisas do time masculino e feminino do Corinthians e na camisa da equipe feminina do Palmeiras.
Após a divulgação da investigação, o presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, Romeu Tuma Júnior, enviou um ofício para o presidente do clube, Augusto Melo, questionando se a empresa já foi notificada pelo clube para dar esclarecimentos.
Como a operação determinou o bloqueio de contas da Esportes da Sorte, há o temor no Parque São Jorge de que o parceiro possa atrasar ou até não conseguir pagar as parcelas do contrato de patrocínio.
Também há preocupação em relação à promessa da empresa, firmada em contrato, de ajudar o clube a contratar um jogador de renome –o clube está em negociações para a contratação do atacante holandês Memphis Depay, com passagens por Manchester United, Barcelona e Atlético de Madrid.
“Na nota que a empresa divulgou, eles afirmam que estão colaborando com a polícia. Então, eles já sabiam da investigação. Ao que me consta, eles não falaram nada para o Corinthians até hoje”, afirmou o dirigente.
Em nota, a casa de apostas afirmou que não teve acesso à decisão judicial, mas que tem prestado esclarecimentos no inquérito em curso desde março de 2023.
“A operação policial será impugnada perante o juízo competente, demonstrando-se que houve interpretação precipitada e equivocada dos fatos apurados, sem qualquer análise ou consideração dos argumentos já apresentados. Tanto é assim que a autoridade policial não apreendeu qualquer objeto, documento ou equipamento na sede da empresa”, disse a Esportes da Sorte.
A Polícia Civil também cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Darwin Henrique da Silva Filho, CEO da Esportes da Sorte. A defesa do empresário disse que ele estava em compromisso profissional fora do estado no momento da operação.
Procurado, o Corinthians disse que está acompanhando o assunto pela imprensa e que “por enquanto não vai se manifestar sobre o assunto”.
O clube da zona leste fechou contrato com a Esportes da Sorte em julho, em um acordo de R$ 309 milhões com prazo de três anos.
O negócio foi firmado pouco depois de a VaideBet, que também foi alvo da operação desta quarta-feira, rescindir o contrato com o Corinthians. Na ocasião, a empresa disse temer que sua imagem fosse prejudicada em meio aos questionamentos sobre a intermediação do acordo com a equipe.
A equipe feminina do Palmeiras, por sua vez, acertou com a Esportes da Sorte no início de 2024, em um acordo de um ano firmado em cerca de R$ 20 milhões.
O clube também disse que não vai se manifestar. A diretoria, no entanto, foi surpreendida com as notícias e pediu análise da situação a seu departamento jurídico.
A operação desta quarta-feira também apreendeu uma aeronave em Jundiaí que está registrada em nome da empresa Balada Eventos e Produções, do cantor Gusttavo Lima. Ela é operada pela J.M.J Participações, holding que tem como sócio-proprietário José André da Rocha Neto, um dos responsáveis pela VaideBet.
LUCIANO TRINDADE E LUCAS BOMBANA / Folhapress