Quem é a brasileira que comanda o estádio de time da NFL

SANTA CLARA, EUA (UOL/FOLHAPRESS) – O Levi’s Stadium, casa do San Francisco 49ers, da NFL, tem uma brasileira no comando de operações. Camila Hammer é natural de Curitiba, estudou no Brasil, fez mestrado em San Francisco e nesta quinta-feira (5) exerce o cargo de ‘senior manager stadium & event operations’, uma espécie de gerente geral de operações.

Camila está nos 49ers desde 2016. Ela se formou em Relações Pública na Universidade Federal do Paraná (UFPR), fez um MBA em Marketing Esportivo na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e passou a buscar uma forma de entrar no mercado americano.

“Sempre assisti muito NBA e NFL e ficava curiosa para saber como outros países organizavam a gestão de eventos esportivos. Comecei a procurar cursos fora do país e em 2014 me apliquei para o mestrado nos EUA em três universidades. Escolhi a Universidade de San Francisco com a ideia de aprender mais sobre como os americanos entregam eventos de magnitude internacional com tanto sucesso e ainda fazem o evento ser lucrativo”, disse Camila, à reportagem.

Com dois anos de duração, o mestrado se tornou a oportunidade perfeita para se inserir na área com estágios. Ela começou na Universidade de Berkeley e já conseguiu de cara o que queria: participar da organização do futebol americano, ainda da liga universitária na época. “Fiquei impressionada como as coisas fucionam já no nível universitário”, disse.

Depois, Camila teve experiências em comitês locais de eventos gigantes: o Super Bowl 50, a Copa América de 2016 e as Olimpíadas do Rio de Janeiro. Foi aí que os 49ers entraram na vida dela.

“No começo, minhas responsabilidades eram focadas em estacionamento e transporte público para todos os eventos no Levi’s Stadium, mais os eventos privados. O que a maioria das pessoas não sabe, e até ouço que o Brasil está tentando fazer, é que aqui no Levi’s a gente sedia aproximadamente 300 eventos privados no ano, além de todos os jogos dos 49ers, futebol e shows. É uma indústria gigantesca de eventos privados, empresas vem fazer festas de final de ano, happy hour, formatura, casamento, tudo que você imaginar. Aprendi muito sobre como fazer outros eventos funcionarem ao redor das agendas dos eventos que já tem no estádio”, afirma.

Foi a partir de 2019 que Camila passou a operar os maiores eventos e liderar a operação do estádio na ponte com as empresas que levam eventos ao local. É a brasileira quem atende interessados em levar para o estádio shows ou jogos de futebol, além da própria NFL.

“Quando tem jogo dos 49ers, eu sou a pessoa que cuida de toda a operação dos times visitantes, além de ser o link do estádio com os promotores e times internacionais. Lidero a logística de toda a operação para ter certeza que todo mundo tem a informação que precisa para sediar eventos bem sucedidos.”

Para Camila, o sonho de trabalhar no San Francisco 49ers parecia impossível, mas se tornou real.

“Eu já estou aqui há nove anos, então, sinceramente, se alguém me falasse há dez anos que eu iria trabalhar em uma das maiores franquias da NFL, eu daria risada e não acreditaria. É um sonho. Vim para cá com a ideia de trabalhar com futebol, então quando escolhi vir para San Francisco eu tinha o sonho de trabalhar aqui, mas não achei que iria ser possível. Depois que comecei, todo dia eu dou uma volta e penso o privilégio que é trabalhar aqui na casa de um dos maiores times da NFL, mas que também sedia vários outros eventos internacionais que eu nunca imaginaria trabalhar, inclusive a Copa do Mundo em 2026. É impressionante a estrutura do time, não só do estádio, e a forma como a empresa é conduzida de forma muito diferente dos clubes de futebol que estamos acostumados a ver no Brasil”, afirma Camila.

COMO CHEGAR LÁ?

“Todas as universidades têm vagas para estudantes internacionais. Precisa entender os requisitos de cada uma delas. Geralmente, é necessário comprovar seu nível de fluência, então tem que fazer o TOEFL e atingir uma nota para não ser descartado logo de cara. Você está se comprometendo a estudar em uma língua que não é a sua, então olham muito isso. Pra mim, o processo começou em focar em estudar para o TOEFL e conseguir uma excelente nota. Depois disso, é necessário mandar algumas coisas para aprovar, como carta de recomendação de pessoas que trabalharam com você ou professores. Em algumas universidades, pedem para você escrever o porquê do seu interesse pelo curso e como você vai contribuir para a indústria se você for escolhido. Depois de toda a papelada, as universidades marcam uma entrevista para terem certeza que você é o candidato que eles querem. Algumas tiveram duas entrevistas, outras só uma. É um processo demorado, leva meses.”

EXISTEM BOLSAS?

“Existem bolsas disponíveis para estudantes internacionais, mas não são fáceis de se conseguir. Tem também algumas universidades que pedem comprovação de renda ou fundos suficientes para cobrir parte do programa. É importante dizer que a maioria dos programas de mestrado não deixa estudantes internacionais trabalharem no primeiro ano do curso, por isso pedem essa questão da renda. Cada universidade tem o seu perfil e é escolher aquela que se encaixa melhor. Depois que você é aceito, eles te guiam no processo do visto de estudante e fica mais fácil.”

EDER TRASKINI / Folhapress

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