Dólar cai e Bolsa sobe com apostas de cortes maiores nos juros dos EUA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar apresenta queda nesta quinta-feira (5), com dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos fomentando apostas de um corte mais agressivo nos juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano).

Às 11h30, a moeda recuava 0,36%, cotada a R$ 5,617 na venda, em linha com a fraqueza da divisa no exterior. Já a Bolsa brasileira tinha leve alta de 0,17%, aos 136.347 pontos.

O setor privado dos Estados Unidos abriu 99 mil vagas de emprego no mês de agosto, o menor número em três anos e meio, segundo relatório da ADP (Automatic Data Processing). Em julho, foram abertos 111 mil postos de trabalho.

Analistas consultados pela Reuters esperavam abertura de 145 mil vagas no mês passado.

Na sequência, o Departamento de Trabalho divulgou que os pedidos inicias de auxílio-desemprego caíram para 227 mil na semana encerrada em 31 de agosto, abaixo das projeções de 230 mil.

Os números do mercado de trabalho têm ditado as apostas sobre o ritmo que o Fed poderá cortar os juros na próxima reunião de política monetária, marcada para os dias 17 e 18 de setembro. A taxa está na faixa de 5,25% e 5,50% desde junho do ano passado, o patamar mais restritivo em duas décadas.

Os dados desta quinta, assim como o relatório de emprego Jolts divulgado na quarta-feira, deram fôlego à tese de que a economia dos Estados Unidos está desacelerando mais rapidamente do que o esperado, o que pode levar a autoridade monetária a efetuar um corte mais agressivo no encontro deste mês.

Operadores agora precificam 45% de chances de uma redução de 0,50 ponto percentual na taxa de juros, e 55% de probabilidade de uma menor, de 0,25 ponto.

Com isso, o dólar se desvalorizava globalmente devido à queda dos Treasuries, os títulos ligados ao Tesouro dos EUA, que tornava a moeda menos interessante para investidores.

O rendimento do contrato de dez anos —referência global para decisões de investimento— caía 0,04 ponto percentual, a 3,731%.

A grande divulgação da semana, porém, está marcada para sexta-feira, quando serão conhecidos os números do “payroll” (folha de pagamento, em inglês) de agosto. Na última leitura do indicador, dados abaixo da expectativa do mercado levantaram temores de que a economia dos Estados Unidos estava a caminho de uma recessão, provocando o derretimento de Bolsas globais.

“Com o payroll, poderemos cravar com mais certeza qual será a magnitude do corte que o Fed promoverá. Se dentro do previsto, acredito em 0,25 ponto de queda. Se abaixo das expectativas, o Fed terá fundamentos para um corte maior, de 0,50 ponto”, avalia Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas.

O dólar costuma se depreciar à medida que os juros caem, já que a queda nos rendimentos da renda fixa americana estimula a busca por ativos de maior risco. Para o real, há ainda outro fator de relevância: a discussão em torno da taxa básica de juros do país, a Selic, atualmente em 10,50% ao ano.

O Copom (Comitê de Política Monetária), desde a última reunião do BC (Banco Central), tem reforçado que um novo ciclo de altas está à mesa para levar a inflação de volta ao centro da meta, se os dados indicarem necessidade.

O comitê trabalha com a meta de inflação em 3%, definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional, órgão ligado ao Ministério da Fazenda) e com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a alta de preços.

Novos dados divulgados nesta última semana acirraram apostas de que o Copom poderá elevar a Selic já no próximo encontro, também marcado para os dias 17 e 18 de setembro.

No segundo trimestre, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 1,4% em comparação aos três meses iniciais de 2024, ante expectativa de 0,9% de analistas consultados pela Bloomberg. Já os números de emprego medidos pela Pnad Contínua mostraram que a taxa de desocupação recuou a 6,8% —o menor patamar para o período desde o início da série histórica do indicador, de 2012.

O avanço da atividade e o aquecimento do mercado de trabalho tendem a subir os preços ao consumidor, o que pressiona as expectativas de inflação. Com isso, a probabilidade de um aperto de 0,25 ponto percentual na Selic subiu para 76%, segundo a agência Reuters.

Quanto maiores os juros no Brasil e menores nos Estados Unidos, melhor para o real, que se torna mais atraente para investimentos de “carry trade” —isto é, quando investidores tomam empréstimos a taxas baixas e aplicam recursos em moedas de países de taxas altas, para rentabilizar sobre o diferencial de juros.

Redação / Folhapress

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