Um organizador de eventos foi preso em Ribeirão Preto, nesta sexta-feira (20), por organizar uma festa, que ocorreria neste sábado e que tinha o nome de Corona Trance. O produtor de eventos foi acusado de colocar em risco a saúde pública e deve permanecer preso preventivamente. Ele também havia feito “gato” de energia e de água na chácara onde ocorreria o evento.
A prisão ocorreu durante ação conjunta da Polícia Militar, Vigilância Sanitária e Fiscalização Geral da prefeitura da cidade e teve o acompanhamento de promotores do Ministério Público. A festa aconteceria nos dias 21 e 22 de março, no bairro Parque Industrial Tanquinho, em Ribeirão. No programa, open bar de bebidas alcoólicas e música eletrônica. Houve divulgação do evento pelas redes sociais.
Para o Judiciário, a medida demonstra um claro desrespeito com a atual situação da cidade e do País. “Não é possível admitir, portanto, tamanha afronta como essa praticada pelo autuado. Em plena situação de emergência vem disseminar a propagação do vírus com a promoção de uma festa, inclusive com nome sugestivo, deixando evidenciada sua intenção”, disse, na sentença, o magistrado Hélio Ravagnani, que determinou a prisão preventiva do acusado
Na visão dele, “a realização do evento poderia contaminar um número incontável de pessoas, atravancando e assolando ainda mais o sistema público de saúde, já assoberbado pelo número de casos atuais (que dirá pelos que virão!). Ou seja, sua atitude é de uma irresponsabilidade sem tamanho”, disse.
O também promotor Aroldo Filho informou que a MP irá atuar ostensivamente na cidade e que irá pedir a prisão de qualquer pessoa que desrespeite as recomendações de saúde. “Se houver outros casos desse tipo, a ação será a mesma. É um caso de saúde pública e temos que estar diligentes para impedir esse tipo de desrespeito”, disse.
O caso
Acompanhado pelos demais componentes da força-tarefa, o Ministério Público foi ao local na tarde de sexta-feira, depois de ver propaganda do evento nas redes sociais. Além dos gatos, constatou também comidas e bebidas acondicionadas de forma irregular e sem os rótulos. “Olha o nível de desrespeito dessa situação. Fizemos a diligência e impedimos a realização do evento”, disse o promotor Wanderley Trindade, que participou das diligências.
Ele conta que, devido aos fatos observados, o MP solicitou a manutenção da prisão do suspeito ao judiciário, pedido que foi acatado pelo juiz.
“[A ação] indica personalidade delinquente, transgressora, desafiadora das leis e contrária ao senso comum, justificando a manutenção da prisão, ao menos por ora, para garantir a ordem pública, evitando a reiteração de conduta e a prática de crimes ainda mais graves (…) Enfim, os delitos praticados infringiram a ordem pública de tal maneira, nesse momento de crise e apreensão, que trouxe sensação de desassossego e insegurança na sociedade, não se vislumbrando outra medida a não ser a conversão do flagrante em preventiva”.
Outro lado
A defesa do homem preso esclareceu que, apesar de ser o dono da chácara, ele não era o organizador do evento e que ele “o aluga para terceiros, não tendo conhecimento da finalidade da locação em questão”.
Ainda segundo seus defensores, o homem já havia cancelado todas as locações, por conta da pandemia de coronavírus, mas não teve a chance de comprovar tais informações no processo. “As provas serão anexadas aos processo no momento oportuno em busca de sua defesa e esclarecimentos”, declarou.
Por fim, a defesa informou ainda que o homem foi preso por conta do furte de água e de luz localizado no local, não tendo a prisão relação com a realização do evento. “Essa questão foi trazida no processo pelo Ministério Público em um momento inadequado, sem que houvesse a possibilidade de defesa. Nós nem tivemos conhecimento disso, que não estava no inquérito e, por isso, não pudemos apresentar nossa defesa sobre isso”, informou a advogada Mariana Queiros Reis, uma das defensoras do acusado.