SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em propaganda eleitoral de rádios nesta segunda-feira (9), o coronel Ricardo Mello Araújo (PL), candidato a vice-prefeito na chapa com Ricardo Nunes (MDB), associa Guilherme Boulos (PSOL) a “invasão de terras”, e Pablo Marçal (PRTB), ao “crime organizado”.
Sem citar nomes, o coronel afirma que não vai “permitir invasor de terra entre em São Paulo” e sugere uma confusão entre o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), grupo do qual Boulos foi coordenador, com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Em outros momentos da campanha, o próprio Nunes já chegou a se referir a Boulos como “invasor de propriedades”.
Em seguida, na mesma propaganda de rádio, o coronel mira no candidato Pablo Marçal, associando-o ao crime organizado. “Não vou permitir que invasor de terra entre aqui na cidade de São Paulo, tampouco gente ligada ao crime organizado”, declara o candidato.
Na liderança da corrida pela Prefeitura de São Paulo ao lado de Boulos e Nunes, o influenciador está rodeado de pessoas com indícios de ligações com o PCC. No início de agosto, a Folha revelou um áudio no qual Leonardo Alves de Araújo, conhecido como Leonardo Avalanche, presidente da legenda de Marçal, disse manter vínculo com integrantes da organização criminosa.
Ainda, a propaganda eleitoral veiculada nas rádios apresenta o candidato a vice-prefeito, destacando sua carreira como comandante da Rota e sua proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Minha família cuida do povo paulista há 100 anos. Fui indicado pelo presidente Bolsonaro para ser vice-prefeito da cidade de São Paulo […]. Junto com o prefeito Ricardo Nunes e o governador Tarcísio de Freitas, vamos limpar a cidade; o que tiver de errado, a gente vai arrumar”, afirma.
O prefeito Ricardo Nunes também aparece durante a propaganda. Ele, que introduz Mello Araújo no programa, fala sobre a experiência do coronel à frente da Ceagesp.
Quem é Mello Araújo?
O coronel foi nomeado diretor da Ceagesp em 2020 e permaneceu no cargo durante o restante da gestão Bolsonaro. Para aliados, o oficial da reserva da Polícia Militar foi o responsável por colocar ordem na companhia durante o governo Bolsonaro.
Por outro lado, a gestão dele no centro de distribuição é acusada por sindicalistas de militarizar o espaço e promover abusos. O Ministério Público do Trabalho informou à Folha de S.Paulo ter ajuizado uma ação contra a Ceagesp com base nos relatos.
Ele também foi chefe da Rota, batalhão de elite da Polícia Militar em São Paulo. Na época, Mello Araújo defendeu que a abordagem policial deveria ser diferente em bairros de elite, como os Jardins, e na periferia. O coronel ainda tem uma relação familiar com a polícia. Ele é a terceira geração de sua família a servir à PM de São Paulo.
VICTÓRIA CÓCOLO / Folhapress