BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Escolhida pelo presidente Lula (PT) para chefiar o Ministério dos Direitos Humanos, a deputada estadual mineira Macaé Evaristo (PT) tem um histórico de militância e atuação política voltada para a educação e o combate ao racismo e a desigualdades.
Não é a primeira vez que ela integra o governo federal. De 2013 a 2014, durante o governo Dilma Rousseff (PT), comandou a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), do Ministério da Educação.
Após Lula vencer a eleição contra Jair Bolsonaro (PL), ela integrou a equipe de transição e chegou a ser cotada para voltar ao governo. Mas, eleita deputada estadual em Minas, decidiu assumir seu mandato.
Macaé Evaristo atuou como secretária municipal e estadual de educação. Antes da passagem pelo MEC, foi primeira mulher negra a ocupar o cargo no município de Belo Horizonte (2005 a 2012). E, de 2015 a 2018, foi secretária estadual da área em Minas Gerais -também sendo a primeira negra a ocupar essa posição.
Ela vai substituir Silvio Almeida, demitido na sexta-feira (6) após acusações de assédio sexual -uma das vítimas seria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
A deputada havia participado pela manhã de um encontro com Lula no Palácio da Alvorada, onde foi convidada para integrar o governo e aceitou. Ela integra dentro do PT a corrente CNB (Construindo um Novo Brasil), a mesma do presidente.
“Nosso país tem grandes desafios e esse é um chamado de muita responsabilidade. Temos muito trabalho pela frente e sigo esperançosa, com o compromisso de uma vida na luta direitos”, escreveu em sua rede social.
Nascida em São Gonçalo do Pará (MG), a nova ministra tem 60 anos e é prima da escritora Conceição Evaristo.
Professora desde os 19 anos de idade, ela é graduada em serviço social, formou-se mestre e é doutoranda em educação.
Exerceu a maior parte da sua carreira política em Minas Gerais e, nas vezes em que foi secretária de Educação, tanto em Belo Horizonte quanto no estado, foi nomeada por Fernando Pimentel (PT).
Até aceitar o convite para o ministério, Macaé exercia em seu primeiro mandato como deputada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, tendo sido eleita quando era vereadora da capital mineira.
“Tem orgulho de sua ancestralidade e pretende seguir lutando contra o racismo estrutural e a favor de políticas públicas voltadas à diversidade e à inclusão das mulheres e das minorias”, afirma o texto de sua biografia no site da Assembleia Legislativa.
O nome da nova ministra dos Direitos Humanos é frequentemente lembrado nos debates educacionais sobre racismo e combate a desigualdades.
Sua atuação na secretaria do MEC é considerada referência nessas discussões, uma vez que a subpasta tratava de temáticas como “questões de raça, cor, etnia, origem, posição econômica e social, gênero, orientação sexual, deficiências, condição geracional e outras que possam ser identificadas como sendo condições existenciais favorecedoras da exclusão social”.
A Secadi foi extinta durante do governo Bolsonaro e recriada em janeiro de 2023, após a posse de Lula.
Macaé externava a pretensão de disputar a eleição para a Câmara dos Deputados em 2026, o que era visto como um entrave para sua nomeação. Lula gostaria do compromisso de que ela ficasse até o fim do governo –após a reunião com o petista, ela aceitou.
PAULO SALDAÑA E RENATO MACHADO / Folhapress